Uma escolha simbólica - e que de ingênua não tem nada: a abertura da décima edição norte-americana do Sustainable Cosmetics Summit ficou a cargo do escritor, blogueiro e influenciador Colin Beavan. Conhecido como No Impact Man, ele ficou famoso por ter relatado sua tentativa de gerar o menor impacto ambiental possível, vivendo com a família, durante um ano, em pleno centro de Nova York. Colin Beavan é a expressão de um novo tipo de consumidor que se mostra cada vez mais consciente do impacto que seus hábitos de vida têm sobre o meio ambiente, e que tenta não somente diminuir esse impacto, como também gerar efeitos positivos.

As gerações Millennials e Z representam atualmente metade dos consumidores americanos. Esses consumidores, que têm conquistado crescente influência, pedem que as marcas considerem o desenvolvimento sustentável como um de seus valores fundamentais. (Foto: © Petr Malinak / shutterstock.com)

Entre as principais tendências que mereceram destaque durante o evento, vale citar:

Embalagens inovadoras. Como os consumidores demonstram crescente preocupação com a poluição gerada por materiais plásticos, a indústria de beleza se vê diante da necessidade de reduzir o impacto de suas embalagens. Vários exemplos de soluções inovadoras foram apresentados durante o evento. A Seed Phytonutrients, por exemplo, explicou em detalhes as características de sua garrafa compostável, fabricada a partir de papel reciclado. A empresa coreana InnerBottle mostrou de que forma sua nova tecnologia para embalagens elimina todo e qualquer resíduo. Ou seja, o caminho a seguir aponta mais para a inovação radical e menos para a adoção de medidas progressivas, como a redução do peso.

Controle de matérias-primas. O impacto ambiental e humano da exploração de matérias-primas vem sendo alvo de crescente vigilância. Segundo a empresa Verisk Maplecroft Research, os ingredientes cosméticos que apresentam os riscos sociais mais elevados são manteiga de karité, seda, baunilha e cacau, cujo manejo pode envolver tráfico de pessoas, trabalho infantil, discriminação e grilagem.

Usando óleos essenciais como exemplo, Dee-Ann Prather, da Down Under Enterprises, explicou como os fornecedores de ingredientes podem garantir o rastreamento das matérias-primas que compram. Sendo a falsificação um dos principais problemas enfrentados pelo setor, esse fornecedor australiano vem apostando na tecnologia Blockchain.

Novas fontes de ingredientes verdes. Nessa área, foi interessante ouvir a DuPont, que compartilhou a história da criação de seu ingrediente Genencare OSMS BA, obtido a partir de produtos alimentícios. Outras empresas que se destacaram foi a Genomatica, que relatou sua experiência na conversão de açúcares vegetais em butileno glicol, e a Aprinnova, que produz esqualeno a partir de cana-de-açúcar. O uso de células vegetais para a produção de ingredientes ativos também foi um dos pontos altos do evento.

Materiais de embalagem mais ecológicos. Andrew Dent, da Material ConneXion, falou sobre os problemas que as embalagens atuais representam, ressaltando que, nos Estados Unidos, menos de 5% dos materiais plásticos são reciclados. Diante desse cenário, ele lançou um apelo para que as marcas adotem materiais ecológicos, a fim de se preparar para a era da economia circular. Muitos exemplos ilustraram as questões levantadas por ele, como o uso de materiais reciclados, compostáveis e inovadores (em particular soluções produzidas pela bioengenharia de algas, fungos ou bactérias).

Novos modelos de negócios. Com a criação da Loop, a TerraCycle mostrou às marcas que é possível virar as costas ao modelo de embalagens descartáveis. Descrita como "plataforma de compras circular", ela permite que o consumidor retorne as embalagens para posterior reúso. A Loop foi lançada nos Estados Unidos em maio, com parceiros como P&G, Unilever, Colgate-Palmolive, Walgreens e Kroger.

Cosméticos naturais e orgânicos. Segundo a The Benchmarking Company, 68% das mulheres americanas compram produtos de beleza naturais e orgânicos, o que representa um aumento de 49% em relação a 2008. A maioria das consumidoras (73%) declara que a principal motivação é a preocupação com a saúde. O número de consumidores adeptos desse tipo de produto deverá continuar crescendo, à medida que novas gerações forem chegando ao mercado.

Um passo além do horizonte orgânico. Para Diana Martin, do Instituto Rodale, chegou a hora de abrir caminho para a agricultura regenerativa. Graças à certificação Regenerative Organic, é possível integrar saúde do solo, bem-estar animal e comércio justo e solidário às práticas da agricultura orgânica. Esse novo sistema está sendo atualmente desenvolvido em 21 projetos piloto espalhados pelo mundo, e conta com o apoio de empresas de primeira grandeza, como a Dr. Bronner’s Magic Soaps e a Patagonia.

Experiências de marketing. As gerações Millennials e Z representam atualmente metade dos consumidores americanos. Segundo Sourabh Sharma, da FIG Or Out, esses consumidores, que têm conquistado crescente influência, pedem que as marcas considerem o desenvolvimento sustentável como um de seus valores fundamentais. Para Sourabh Sharma, é necessário, portanto, criar experiências de marketing adaptadas às exigências desse público. Os grandes vencedores da era digital serão provavelmente as marcas que saberão usar as mídias sociais, fornecer informações claras e contar a história da empresa ou de seus produtos.

Os debates sobre sustentabilidade continuarão na próxima edição:

Sustainable Cosmetics Summit Europe
4-6 de novembro de 2019,
Paris, França

www.sustainablecosmeticssummit.com