O skin cycling não é exatamente uma novidade na rotina de cuidado com a pele, mas vem ganhando fama e novos adeptos no Brasil nos últimos meses. “Essa proposta de skincare, com tradução livre de ‘ciclo da pele’, se tornou uma tendência e viralizou nas redes sociais graças à dermatologista norte-americana Whitney Bowe”, explica Lucia Cascais, gerente técnica de pesquisa e desenvolvimento do Hinode Group.

A médica Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, fala mais sobre a prática. “O skin cycling consiste, basicamente, em criar um cronograma noturno para a utilização dos cosméticos, intercalando o uso de produtos de acordo com o dia da semana ao invés de utilizá-los diariamente.” Ela conta que essa estratégia foi pensada especialmente para permitir a utilização de produtos que têm alto potencial irritativo e que, se usados em excesso, podem sobrecarregar a pele, causando problemas como desidratação e vermelhidão.

Esfoliante, ácido e restauradores da pele

O ciclo dura quatro dias. O primeiro é dedicado à esfoliação da pele. “A esfoliação remove células mortas da superfície da pele, excesso de sebo do interior dos poros e a camada superficial do tecido cutâneo, assim estimulando a renovação celular, prevenindo cravos e espinhas e tornando a textura mais homogênea. Além disso, esse hábito potencializa a capacidade de absorção dos cosméticos pela pele, aumentando a penetração e eficácia dos ativos”, diz Pomerantzeff.

No dia seguinte, é a vez dos cosméticos com ácidos, especialmente o retinol e os alfa-hidroxiácidos, que podem acelerar a renovação celular, estimular a síntese de colágeno, atenuar rugas e promover a uniformização da pele, a depender do ativo escolhido.

Nos dias três e quatro, o foco é a recuperação da pele, com uso de máscaras, hidratantes e séruns de alta capacidade umectante, como o ácido hialurônico e a glicerina, por exemplo. “Deixar a pele se recuperar é de extrema importância, pois o uso diário de produtos agressivos pode prejudicar a integridade da barreira de proteção da pele, o que pode acelerar o surgimento de sinais de idade e contribuir para o aparecimento de cravos e espinhas”, explica a dermatologista brasileira.

Depois do ciclo de quatro noites, reinicia-se o processo. "Ao promover o estímulo da barreira da pele, dado que a renovação celular epidérmica é um fenômeno cuja frequência diminui progressivamente com o passar do tempo, a orientação de alternância entre produtos esfoliantes e produtos que recuperam a barreira da pele permite usar ativos importantes de uma maneira mais tolerável e segura, com menos reações de sensibilização da pele, o que faz muito sentido”, afirma Cascais.

Novos consumidores e mercado impulsionado

Ela fala que a difusão da “filosofia skin cycling” tem otimizado os protocolos de rotina de cuidados com a pele e impulsionado marcas, como a Hinode, que tenham em seu portfólio produtos para cumprir todo o protocolo de ciclo de tratamento.

Para Lia Chitman, diretora de marketing da Sallve, essa “forma mais responsável de não ultrapassar o limite da sua pele para tentar atingir resultados inalcançáveis” tem contribuído para que mais pessoas passem a cuidar da pele. “Por ser uma proposta de rotina mais segura e prática, sem muitos passos – como vimos na rotina coreana, por exemplo –, incentiva novos consumidores a entrarem nessa nova categoria sem medo. E por incentivar novos consumidores, o mercado será impactado”, ela afirma.