O mercado masculino de beleza não para de crescer no Brasil. O segmento, que faturou quase R$ 20 bilhões em 2016, deve ultrapassar os R$ 26 bilhões em 2021, de acordo com a Euromonitor, o que levará o país à primeira posição do ranking mundial da categoria, hoje liderada pelos EUA.

Rodrigo Guimarães, proprietário da Club Men Salon

Uma pesquisa realizada há dois anos pelo Instituto Qualibest apontou que 43% dos homens no Brasil se consideram vaidosos e 54% frequentam regularmente salões e barbearias. “Os brasileiros estão mais preocupados com saúde, bem-estar e estética. A aparência é o nosso cartão de visita, então não é só a mulher que precisa estar em dia com o visual, o homem também”, afirma Rodrigo Guimarães, proprietário da rede de barbearias Club Men Salon.

Os desodorantes e itens de perfumaria ainda são os carros-chefes da categoria, mas é cada vez maior o consumo de cosméticos pelo público masculino, que já representam 31% das vendas do setor no Brasil, segundo pesquisa do Kantar Worldpanel de 2017.

Não são apenas as grandes indústrias que estão investindo neste nicho. Nos últimos anos, diversas barbearias brasileiras lançaram suas próprias marcas de produtos. “Desenvolvemos nossa linha de cosméticos porque enxergamos uma brecha no mercado e identificamos em nosso público a necessidade de fazer a manutenção dos cuidados em casa”, diz Guimarães.

A rede inaugurada em 2014 e com forte presença no Rio de Janeiro e litoral de São Paulo lançou no começo deste ano duas linhas para cabelo e barba. Os produtos são vendidos no e-commerce e nas unidades da barbearia, que também contam com roupas e acessórios. “O homem gosta de praticidade, de resolver tudo em um só lugar”. Mas a ideia é expandir o negócio e inserir os cosméticos em supermercados, farmácias e perfumarias. “Até o final deste ano, esperamos aumentar as vendas em 40% com a estratégia de ampliar os pontos de vendas”, anuncia.

Há mais de dois anos no mercado de cosméticos, as redes de barbearia Corleonne e Cavalera já ampliaram seus portfólios e além de comercializar os produtos em suas lojas, também estão presentes no varejo online e off-line. A Tarantino, uma das pioneiras no segmento, teve sua linha para barba e bigode apresentada na FCE Cosmetique 2016 pela terceirizadora SkinLab. “São produtos especiais para os barbudos modernos e para quem quer arriscar um novo visual também”, segundo a fabricante.

Percebendo o “boom” de barbearias no Brasil (de acordo com a Euromonitor, o faturamento deste tipo de negócio cresceu mais de 500% entre 2012 e 2016 no país), a Cless Cosméticos lançou uma marca dedicada à barba, com xampu, gel fixador, óleo e pomadas modeladoras. “Notamos esta tendência em 2013 e criamos a Charming Men para conversar diretamente com este público”, afirma Daniela Ferré, gerente de marketing da Cless Cosméticos.

Ferré acredita que sua a marca não concorre diretamente com produtos assinados por barbearias, já que não estão exatamente nos mesmos canais de vendas. Mas ela aponta que o contato pessoal com os barbeiros e a sugestão dos produtos podem ser um diferencial. “A indicação do produto por um profissional que faz seu atendimento é uma abordagem eficiente”, diz.

O Relatório Inteligência lançado pelo Sebrae em 2018 confirma o depoimento da gerente de marketing. Segundo o estudo sobre comportamentos dos homens no cuidado com a beleza, geralmente o uso dos cosméticos e serviços vem de recomendação e não pelo impulso de compra.

Ferré segue otimista com o nicho masculino. “Minhas expectativas são as melhores. Acredito que ainda tenha muito espaço e que este mercado continuará crescendo na mesma proporção que cresceu até o momento”.