É difícil prever qual será o impacto da crise da Covid-19 no setor de cosméticos dentro dos próximos anos. Mas que a pandemia trará mudanças para o comportamento do consumidor, isso já é uma unanimidade entre players do mercado. Para se adequar a esse “novo mundo”, a indústria de beleza já projeta as tendências de cores para cosméticos em 2021 e 2022.

Saber qual é o próximo passo para desenvolver produtos de beleza tem sido um superdesafio, ainda mais neste cenário de incertezas”, afirma Bruna Ortega, especialista em beleza da WGSN, a maior empresa de tendências do mundo. Para ela, com contexto da pandemia, dá para prever que o consumidor estará mais cauteloso e buscando maneiras de cuidar da sua saúde e bem-estar.

É o que prevê para o próximo ano a agência de pesquisa Peclers Paris com a tendência chamada “Comfort”. Ela aponta uma volta às origens e ao que é essencial, como a integração com a natureza, a valorização pelo conhecimento e um consumo mais atento à qualidade do que quantidade. Inspirada em ervas e raízes de propriedades curativas, como cúrcuma, gengibre e açafrão, ela procura levar um sentimento de equilíbrio e bem-estar aos consumidores, com uma paleta de cores solares, tons quentes e reconfortantes.

Ingredientes naturais terão grande demanda nessa temporada e influenciarão as cores e texturas em cosméticos coloridos, com as maquiagens.

Bastante semelhante é a tendência “Minify”, prevista pela Beautystreams para a temporada outono/inverno 2021-22. Referência global da indústria de beleza, a empresa traz como cor chave a citronela, uma versão mais rústica e naturalizada do dourado, para transmitir ideias de simplicidade, multifuncionalidade, limpeza física e espiritual em um novo recomeço de vida. A cartela de cores é também formada por tons quentes e marcantes, orientados pela natureza.

Para a primavera/verão 2022, a WGSN prevê cores com apelo multissensorial, inspiradas pelo gosto, toque, cheiro e, claro, visual. “As cores terão um papel fundamental para trazer sensações de conforto e tranquilidade, importantes para o consumidor que passa por uma maré de instabilidade em todos os ramos da vida”, diz Ortega.

A primeira aposta da empresa é em tons neutros, discretos e ligados à natureza para criar um sentimento de bem-estar. “Para o mercado de skincare, corpo e banho, as propriedades calmantes desta paleta neutra poderão ser utilizadas em máscaras faciais e capilares, por exemplo”, cita a especialista.

De acordo com Ortega, ingredientes naturais, como a argila rosa, também terão grande demanda nessa temporada e influenciarão as cores e texturas em cosméticos coloridos, com as maquiagens. “Nesta categoria, os tons minerais, como o Pink Clay, podem ser usados para alegrar as tonalidades mais básicas, que são mais foscas e uniformes”.

A segunda tendência para a WGSN é combinar a pureza dos tons neutros leitosos com o vermelho ousado, presente especialmente em lábios com tonalidades ultrapigmentadas. “Para o mercado de cosméticos, as texturas e tons leitosos irão transmitir a ideia de pureza, além de mostrar os benefícios dos produtos”, afirma Ortega. Já o vermelho remete ao prazer e ao hedonismo aspirados pelos consumidores,

Para ela, as cores também serão importantes para mostrar que as empresas continuarão respondendo ao desejo do consumidor por um consumo mais consciente. “Cerca de 30% das cores virão de estações passadas, exatamente para representar o cenário comercial mais cauteloso e incentivar opções de cores sustentáveis, que duram mais tempo”, finaliza.