De acordo com a FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, enquanto mais de 800 milhões de pessoas passam fome no mundo, um terço dos alimentos produzidos são desperdiçados diariamente. No Brasil, que está entre os dez países que mais descartam comida no mundo, as famílias jogam no lixo quase 130 kg de alimentos por ano, segundo estudo publicado em 2018 pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A indústria alimentícia também desperdiça muitos produtos, às vezes, pelo simples fato de não estarem dentro do chamado “padrão exportação”. Frutas e vegetais nessas condições são reaproveitados pela The Body Shop na formulação da sua nova linha de espumas de banho. “Temos uma longa história de uso de frutas de ‘segunda classe’ em alguns de nossos produtos básicos clássicos”, afirma Débora Gentil, gerente de marca, comunicação e treinamento da marca inglesa adquirida pelo grupo Natura & Co, também controlador da Aesop, Avon e Natura.

O purê de banana orgânica de comércio justo que usamos por anos em nosso xampu de banana e, agora na espuma de banho, é feito de banana de ‘segunda classe’ ou banana produzida por pequenos agricultores no Equador, que normalmente não seriam vendidas para exportação”, cita Gentil. O mesmo acontece com outras frutas e vegetais danificados. “Estamos sempre procurando maneiras de construir sobre essa herança de marca, em linha com o crescente interesse de nossos clientes na qualidade social e na sustentabilidade ambiental”.

Com combinações de ingredientes como banana com abacate e óleo de coco ou maracujá com cenoura e óleo de semente de manga, a ideia para as novas espumas de banho da marca, segundo a gerente, veio dos smoothies, bebidas saudáveis normalmente feitas a partir de um mix de frutas e vegetais in natura. “Queríamos algo acima de um banho de espuma normal, que hidratasse e nutrisse a pele seca com antioxidantes naturais, vitaminas e nutrientes. Somos sempre guiados pelos benefícios dos ingredientes naturais na The Body Shop, então uma mistura de frutas e vegetais para o banho fez sentido para nós”.

Gentil conta que esses ingredientes chegam aos laboratórios em forma de óleos e extratos, prontos para serem usados com segurança, e que alguns deles são subprodutos da indústria alimentícia. “O óleo de semente de morango utilizado em nossa espuma de banho Berry é feito das sobras da fabricação de geleias”, ela explica. “Ingredientes cosméticos com esse tipo de origem podem ajudar a diversificar os mercados finais para fornecedores de frutas e vegetais e ainda fazer um bom uso econômico de diferentes partes destes produtos”.

Para a gerente, os cosméticos elaborados com alimentos reaproveitados são tão valorizados pelo consumidor como produtos desenvolvidos com ingredientes considerados nobres. “O brasileiro está cada vez mais consciente”, diz. “Desde a nossa fundação em 1976, pesquisamos o mundo em busca dos melhores ingredientes de origem ética para criar uma variedade de produtos de beleza de inspiração natural. Esperamos continuar a encontrar maneiras cada vez mais criativas de reduzir o desperdício de alimentos”.

As espumas de banho são envasadas em embalagens plásticas recicláveis, feitas de 50% de plástico reciclado pós-consumo (PCR), que podem também ser reutilizadas após o consumo para minimizar o impacto ambiental, de acordo com a marca. “A sustentabilidade está no centro da The Body Shop e esperamos que, a cada lançamento, possamos iniciar uma conversa que melhore o mundo”, finaliza.