Identidade que remeta ao país de origem e versatilidade para se adaptar a novos mercados são características importantes para que uma marca brasileira de cosméticos seja comercializada fora do país.

Natura, Granado e Surya Brasil são exemplos de empresas nacionais que atuam no mercado europeu. Na França há mais de uma década, a Natura estende a entrega de seus produtos a países vizinhos, incluindo Portugal, Espanha, Alemanha, Suíça, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Áustria, Irlanda, Bélgica e Reino Unido por meio da compra online no site francês da marca.

Já a Granado chegou ao país em 2015, através de um contrato com a loja de departamentos parisiense Le Bon Marché. Recentemente, a empresa vendeu 35% do negócio para a espanhola Puig e agora visa a ampliar seu espaço na Europa e ingressar no mercado norte-americano. Os produtos da Surya Brasil também estão disponíveis em países da Europa, Ásia e América Latina, além de Arábia Saudita, EUA e Canadá.

A identidade brasileira presente nos produtos nacionais de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos é um dos principais atrativos para o mercado internacional, em especial o europeu”, explica Gueisa Silverio, gerente do projeto Beautycare Brasil, um convênio entre a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para promover a internacionalização das empresas brasileiras do setor. “Além disso, os nossos diferenciais em inovação, tecnologia e sustentabilidade vêm promovendo a competitividade do Brasil no mercado global”, ela completa.

Shower gel a base de frutas brasileiras, da Ikove

Marcas-nicho brasileiras como Feito Brasil, Chamma da Amazônia, Kapeh, Avatim e Ikove reúnem esses requisitos, que podem aumentar seu diferencial competitivo no mercado europeu e ajudar a expandir as fronteiras das vendas em tempos de retração da economia.

Criada em 2004, com sede em Mandaguaçu, Paraná, a Feito Brasil evidencia a brasilidade não só nas matérias-primas – papaia, damasco, tangerina, água de coco e café –, como também nas embalagens e na concepção das linhas, que celebram destinos, manifestações culturais e matérias-primas típicas do país. A criatividade é outro cartão de visita, como a linha Dom Tropical, com sabonetes em barra em formato de picolé. Os cosméticos são veganos, feitos a partir de matérias-primas orgânicas, e a fabricação é artesanal, em uma estrutura construída com tijolo e madeira de demolição, e que se mantém com a reutilização de água da chuva.

Focada em perfumaria, a Chamma da Amazônia aplica a biodiversidade da Amazônia brasileira em perfumes, aromatizadores de ambiente, sabonetes, loções e óleos para o corpo. Os produtos utilizam matérias-primas naturais e os resíduos provenientes da produção são aproveitados. O processo sustentável se completa com as embalagens recicláveis e os sacos de tecido que substituem as caixas de perfume.

A empresa mineira Kapeh traz a brasilidade no nome, que significa ‘café’ no dialeto maia. Como o próprio nome indica, a marca fabrica cosméticos para o corpo e os cabelos à base de extrato de café. A matéria-prima é misturada com ingredientes como morango, chocolate, menta e leite. A inovação por meio da pesquisa dos grãos e a sustentabilidade estão na missão da empresa, que aposta no uso racional dos recursos e insumos naturais.

Presente em 17 estados brasileiros e com 14 anos de história, a baiana Avatim – “cheiros da terra”, em tupi-guarani – se inspira nos aromas da Mata Atlântica para desenvolver os mais de 380 itens do portfólio. Os campeões de vendas são os produtos para o corpo feitos com cupuaçu e castanha do Brasil. A cultura indígena também aparece como inspiração, como a colônia Amaú, em homenagem à primeira mulher representada na mitologia guarani.

A Ikove é focada em produtos para cuidados da pele e dos cabelos com certificação orgânica, fair trade e cruelty-free. Segundo a empresa, mais de 95% dos ingredientes usados nas formulações são de origem natural e orgânica, incluindo bergamota, alecrim, açaí, buriti, castanha do Brasil e copaíba. O objetivo da marca é aproveitar as propriedades regenerativas, antioxidantes, antissépticas e hidratantes que vêm da natureza.

Dos 142 países de destino dos cosméticos brasileiros, a Argentina é o que mais recebe produtos brasileiros. Em 2015, as exportações do setor totalizaram US$ 716 milhões, segundo a ABIHPEC.