As medidas de distanciamento social adotadas pelos estados brasileiros frente à pandemia de Covid-19 no país levaram muitos consumidores a deixar as ruas e migrar para o ambiente digital na hora de fazer compras. Uma pesquisa divulgada pela Kantar Worldpanel no final de abril aponta que mais de 30% dos brasileiros aumentaram as compras online, comparando com o mês anterior. Há também os que, impedidos de sair de casa, fizeram compras online pela primeira vez. Entre eles, 12% adquiriram cosméticos – atrás apenas de alimentos, com 17%, e medicamentos, 15%.

Edilaine Godoi, Head de Digital da Ikesaki

Com perfumarias e salões de beleza fechados, empresas de cosméticos têm adotado estratégias para atender e ampliar essa demanda e conquistar ainda mais consumidores. Além de descontos e promoções de frete, importantes portas de entrada para novos clientes virtuais, o mercado online vem recrutando novas frentes de venda.

A rede varejista Ikesaki transformou as vendedoras e promotoras de marcas de suas lojas físicas em vendedoras virtuais. “Criamos lojinhas dentro do nosso site para elas”, afirma Edilaine Godoi, responsável pelo departamento digital da Ikesaki. “Já temos mais de 3 mil vendedoras que migraram da operação física para a online, gerando receita para elas, para a Ikesaki e a indústria de cosméticos”, acrescenta.

A Mezzo Dermocosméticos adaptou o seu e-commerce para lançar o programa “Cuide dos Seus”, que abre espaço para profissionais da estética que queiram promover seus produtos. “Elas fazem a indicação dos cosméticos às suas clientes e nós efetuamos a venda e a entrega. As esteticistas podem optar em receber 15% sobre o valor das vendas efetuadas ou 25% em crédito para compras de nossos produtos”, diz a CEO Joyce Rodrigues.

Uma ação semelhante foi implementada pela marca de haircare Stephen Knoll New York. Representada pelo grupo KOSÉ Brasil, a empresa criou o movimento “Fique Bonita, Faça o Bem”, focado em cabeleireiros. Marcelo Carneiro, diretor geral do grupo, explica como ele funciona. “O profissional se cadastra no site do programa e recebe um código único para repassar a clientes. Quando o cliente fizer uma compra usando este código, ele recebe uma comissão pelo produto vendido, que varia de R$ 20 a R$ 30”.

Carneiro revela que a experiência tem sido positiva. “O papel do profissional é o mais importante, pois são eles que fazem o link entre a consumidora e a marca. Nossos planos para o Brasil são de longo prazo. Esse é um programa de auxílio aos salões e profissionais e não sairá do ar quando os salões retomarem suas atividades”.

Para a Mezzo, o retorno também atingiu a expectativa. “As esteticistas receberam muito bem a proposta como uma fonte de rendimento e muitas aderiram. É um trabalho diário, uma alternativa para girar a economia”, declara Rodrigues. A CEO informa que além dos dermocosméticos, o e-commerce da marca teve mais procura por hidratantes para as mãos e pele em geral. “Por conta do uso constante de sabonete e álcool gel, a pele necessita de hidratação”, lembra.

A Ikesaki é a que comemora os melhores resultados em vendas digitais. “Registramos aumento de 500%. As categorias que mais cresceram foram as de cuidados pessoais, com álcool em gel, máscaras, alicates e tonalizantes para cabelos”, afirma Godoy.

Para a loja virtual Época Cosméticos, a crise também tem passado longe. A empresa registrou um crescimento de 150% nas vendas, em relação ao mesmo período do ano anterior, e o destaque fica com itens de cuidados com as unhas, cabelos e pele. “Já tínhamos esquema de trabalho de 24h, mas agora estamos trabalhando 24 horas por dia, sete dias por semana", revela a diretora de negócios Christiane Rigotto.