As marcas precisam se empenhar para abrir novas perspectivas em 2021, oferecendo soluções adaptadas às necessidades de pessoas que não têm cabelos lisos. Segundo a Mintel, apesar de a textura dos fios da maioria dos adultos americanos (56%) não ser lisa, existem muito poucas opções disponíveis para quem tem cabelos ondulados, cacheados ou crespos.

"Em 2021, a diversidade dos cabelos deve ser o foco do trabalho das marcas que atuam nesse segmento. Existem, sim, empresas pertencentes a pessoas negras que oferecem produtos específicos para cabelos cacheados ou crespos, mas as grandes marcas demoraram a entender as necessidades desse público, e hoje estão tendo dificuldades para que a legitimidade de seus produtos seja reconhecida. Da mesma forma que fazem com maquiagem e cuidados da pele, os consumidores estão exigindo mais variedade na oferta desenvolvida pelas marcas, com produtos especificamente voltados para diferentes texturas de cabelos", explica Andrew McDougall, Global Beauty & Personal Care Analyst da Mintel.

Falta de conhecimento e insegurança por parte dos consumidores

As expectativas dos consumidores são intensificadas pelo fato de que eles não se sentem capazes de cuidar dos próprios fios. A maioria acredita não ter competência suficiente para obter um resultado tão bom quanto o produzido por um cabeleireiro profissional. Segundo a pesquisa, 68% dos negros americanos descrevem seu nível de competência no uso de produtos capilares como "básico" ou "intermediário". Menos da metade (46%) afirma não ter dificuldade nenhuma em cuidar dos cabelos.

Para a Mintel, essas respostas abrem um amplo campo de oportunidades para as marcas que souberem ajudar os consumidores a se sentirem mais seguros em relação aos cabelos.

"Mais que a determinação de um estilo, para muitas pessoas os cabelos são um elemento chave de sua identidade. As marcas precisam levar em conta as necessidades específicas dos consumidores que têm cabelos cacheados ou afro e oferecer soluções que dialoguem com as motivações por trás do estilo. Só assim elas conseguirão se tornar uma referência confiável para os consumidores", continua Andrew McDougall.

Cabelos naturais

Durante a pandemia, a busca crescente por uma sensação geral de bem-estar levou muitos consumidores a dar mais atenção à saúde dos cabelos e a optar por estilos e produtos naturais. Prova disso é que uma de cada três brasileiras (34%) descreve seu estilo de cabelo como "natural", ou seja, sem coloração nem tratamentos, enquanto quase nove de cada dez mulheres americanas (88%) consideram a saúde como o principal acessório de beleza. Mas ainda resta muito a fazer nessa área: os cabelos cacheados e crespos são extremamente frágeis, e 58% das mulheres negras americanas concordam em dizer que nem todo mundo tem a opção de deixar os cabelos naturais.

"Para estimular as pessoas com cabelo cacheado ou crespo a assumir um visual natural, uma atitude que as marcas podem tomar agora mesmo é parar de sustentar a ideia de que esse tipo de cabelo é problemático. Ainda existem muitos estigmas e estereótipos segundo os quais os cabelos com cachos são ‘difíceis’. Embora muitas marcas já tenham começado a contestar essa ideia, precisamos ir mais longe e aliviar a pressão que essas mulheres sofrem para ‘domar’ os cabelos", conclui Andrew McDougall.