Alexandre Miasnik, diretor-geral da Fiabila

Premium Beauty News - Como a Fiabila vivenciou o período de distanciamento? A empresa continuou atendendo clientes de várias regiões do mundo?

Alexandre Miasnik - A pandemia evoluiu progressivamente, de forma que todas as nossas unidades conseguiram se adaptar a tempo, tanto no plano interno, para preservar as equipes, como do ponto de vista industrial, garantindo a continuidade da produção. No final das contas, a empresa manteve um nível de atividade quase normal em todas as fábricas, exceto na Índia, onde todas as indústrias não essenciais foram fechadas por ordem do governo.

Premium Beauty News - Qual é a atual situação das fábricas da Fiabila?

Alexandre Miasnik - Com exceção das unidades da Índia, todas as outras estão funcionando normalmente. Na França, as unidades de embalagem estão com o cronograma de produção repleto para os próximos meses e essa situação dura desde maio. Os outros mercados têm globalmente apresentado um volume de atividades bastante satisfatório.

Premium Beauty News - Como o senhor vê a evolução da demanda mundial em matéria de esmaltes para unhas?

Alexandre Miasnik - É óbvio que o desenvolvimento da pandemia de covid-19 provocou uma desaceleração do mercado mundial, visto que a atividade econômica foi parcialmente suspensa. Mas isso não durou muito tempo.

Em muitos países, os salões de beleza fecharam durante pelo menos um certo tempo, mas as mulheres continuaram a cuidar das unhas em casa, e o mercado mostrou um dinamismo extraordinário. Claro que foi preciso fazer ajustes em algumas regiões, mas essas mudanças afetaram apenas os canais de distribuição e os hábitos de consumo (salões, rede varejista, lojas de luxo, etc.).

Outro fator importante é que, em muitos mercados, as mulheres — mais conscientes sobre os riscos do uso de esmalte em gel e semipermanente — estão virando as costas a esses produtos, preferindo esmaltes tradicionais que elas mesmas podem aplicar e remover com facilidade. Acreditamos que essa tendência positiva deva se manter e que, em todos os mercados, haja uma maior abertura para fórmulas mais seguras e em adequação com a legislação.

Premium Beauty News - No longo prazo, o mercado de esmaltes está caminhando para um ciclo de crescimento significativo?

Alexandre Miasnik - Sim. Aliás, essa projeção foi confirmada pela Euromonitor, que prevê 16% de crescimento em valor até 2024.

O mercado de esmaltes é historicamente cíclico e vinha ganhando forte impulso desde o início do ano. É um produto cíclico porque entra em concorrência com outras categorias do segmento de maquiagem e, pelo menos em alguns mercados, os esmaltes muitas vezes seguem um movimento de moda. Há algum tempo, porém, certas clientes passaram a rejeitar o uso de esmalte por precaução, quando a indústria química começou a ser vista com desconfiança. A beleza clean e green, que a Fiabila promove desde sempre, foi o elo que reconciliou o setor de esmaltes com essas consumidoras extremamente exigentes.

Graças a essas iniciativas, a P&D vem avançando e conseguindo criar esmaltes com desempenho cada vez melhor, mantendo as características de um produto limpo e, caso necessário, de origem natural. Os produtos para cuidados das unhas também estão evoluindo, se tornando mais divertidos e eficazes. O potencial de crescimento que eles oferecem é enorme.

Premium Beauty News - A crise também modificou as preferências das consumidoras, ou consolidou tendências fortes que preexistiam, principalmente em termos de sustentabilidade e RSE?

Alexandre Miasnik - De fato. Os esmaltes hoje precisam atingir níveis extremos de pureza, e as consumidoras cada vez mais exigem que eles sejam fabricados com ingredientes de origem natural.

Além disso, estão ainda mais atentas à forma como os esmaltes são produzidos. Nos últimos anos, a Fiabila investiu mais de 70 milhões de euros para modernizar suas instalações. Somos o único fabricante de esmaltes para unhas presente nos principais mercados, com unidades de produção de última geração. Nossa fábrica na França acaba de receber o selo "Platinum", concedido pela Ecovadis. Com isso, fazemos parte do pequeno grupo formado por 1% das fábricas mais eficazes em matéria ambiental, selecionadas entre as numerosas unidades de produção que passaram pela auditoria desse organismo de referência. A fábrica de Maintenon, por exemplo, dispõe atualmente de um sistema de tratamento de compostos orgânicos voláteis para reduzir ainda mais a pegada de carbono da empresa. Paralelamente, estamos finalizando obras de grande porte realizadas com o objetivo de automatizar a fabricação de soluções de coloração, a exemplo do que já fazemos com as bases.

A cadeia de produção também vem passando por mudanças, buscando circuitos diferentes e mais curtos. A época dos produtos made in China, à base de matérias-primas de má qualidade ou nocivas, distribuídas para os quatro cantos do planeta, deixou de ser um modelo aceitável para o setor de cosméticos, em particular porque a estrutura dos custos não é vantajosa.

Premium Beauty News - Existe a possibilidade de que a crise afete os diversos protagonistas do mercado, ou seja, tanto as marcas como os fornecedores?

Alexandre Miasnik - Em relação às marcas, a repartição do mercado vai passar por grandes mudanças, até porque essa tendência já vinha se manifestando antes da crise. A evolução dos hábitos de consumo é um desafio para os principais protagonistas, que enfrentam a concorrência de marcas independentes, algumas das quais são extremamente dinâmicas.

Quanto aos fabricantes de esmaltes, a Fiabila vem reafirmando, mais do que nunca, seu posicionamento como líder no plano mundial e local, posicionamento este que é fruto de uma sólida política de investimento e inovação, mas também de uma certa filosofia. Apesar da crise sanitária, temos a firme intenção de continuar nesse caminho. Inversamente, outros fabricantes preferiram adotar filosofias diferentes, e constatamos que alguns deles, aparentemente bem estabelecidos, estão atravessando dificuldades e correm o risco de desaparecer dentro de algum tempo.