Quando vendeu a escola de idiomas Wizard para o grupo britânico Pearson, em 2013, o empreendedor Carlos Wizard Martins passou a investir em negócios voltados à saúde e ao bem-estar. Atualmente, a Sforza, empresa de private equity de sua família, comanda a rede de produtos naturais Mundo Verde, as marcas esportivas Topper e Rainha, as escolas de futebol Academia Palmeiras e Ronaldo Academy, além de outros negócios.
Seu mais novo projeto é a Aloha Oils, especializada em óleos essenciais, que atuará no sistema de vendas diretas. Esta é a primeira incursão do grupo, com larga experiência em franquias, neste modelo de negócio. “A escolha do canal de vendas diretas aconteceu pela necessidade da exposição e educação do consumidor para uma categoria que é considerada nova no Brasil”, diz Priscila Martins, filha de Carlos, que dirigirá a empresa ao lado da irmã, Thais Martins.
“A ideia de investir neste segmento surgiu depois que morei quatro anos no Havaí para cursar a faculdade. Lá, os óleos essenciais são usados para tratamentos de medicina alternativa”, afirma Priscila. Extraídos das folhas, flores, cascas e raízes de plantas, os óleos essenciais são altamente concentrados e podem ser utilizados para banhos, massagens, inalações e como ingredientes de formulações cosméticas, como xampus e cremes.
A opção pelo comércio porta a porta também levou em conta os números do setor no Brasil. O país conta com cerca de 4,3 milhões de revendedores diretos, que representaram um faturamento de R$ 40,4 bilhões em 2016, sendo cerca de 90% do volume gerado por produtos de beleza, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABVED). “A ideia não é concorrer com as líderes do setor, já que se tratam de produtos diferentes”, justifica a empresária.
Das vendas totais de cosméticos no Brasil, 26% são realizadas por revendedores, de acordo com pesquisa recente da Euromonitor, encomendada pela consultoria BCG. O número é duas vezes maior que na China (13%) e coloca o Brasil bem à frente dos Estados Unidos (7%) na categoria.
“Acreditamos que as vendas diretas são uma forma de gerar oportunidades para milhares de pessoas que podem ter uma renda complementar com o mínimo de investimento. O negócio tem alto impacto social, já que não faz nenhuma distinção entre seus consultores, sem análise de crédito e independente da classe social ou escolaridade”, explica a Priscila. Para entrar no negócio, o consultor deve assinar uma ficha de adesão no site da Aloha Oils e adquirir um kit inicial composto por oito óleos essenciais puros (de 4 ml cada), ao custo médio total de R$ 250. Os revendedores recebem treinamento comercial e orientações sobre as funcionalidades dos produtos.
A nova marca, que deve iniciar as operações neste mês, teve um investimento inicial de R$ 20 milhões. A estrutura, por enquanto, é pequena. Os insumos são importados e apenas embalados no Brasil. A lavanda vem da Bulgária, a melaleuca, da Austrália, e o frankincense, da Somália, por exemplo. “No futuro, vamos trabalhar com fórmulas manipuladas, que serão produzidas por parceiros em várias partes do Brasil”, afirma a empresária.
A expectativa da Aloha Oils é fechar 2017 com uma equipe de 10 mil consultores. Em cinco anos, a meta é formar uma rede com 100 mil revendedores, atingindo R$ 1 bilhão de receita no período.