Um estudo online com 10 mil consumidores de 23 países realizado pela Ipsos, líder global em pesquisa de mercado, revelou que 64% das pessoas mudaram suas rotinas de limpeza de pele após a chegada da Covid-19.
“A limpeza da pele passou a ter uma importância maior na pandemia. Mas, num cenário com menos compromissos e interações sociais, a maquiagem deu lugar ao skincare. A necessidade de produtos para a limpeza da pele maquiada reduziu, enquanto que limpadores mais suaves ou que ofereçam algum outro benefício começaram a ter mais procura”, afirma o médico dermatologista Luiz Romancini, sócio-fundador da Creamy.
A beauty tech brasileira acompanhou essa mudança de comportamento e lançou recentemente um gel e uma emulsão para remover as impurezas da pele, sem agredi-la. Ambos são formulados com extrato de centella asiática, com propriedades calmantes e emolientes. “Utilizar produtos que não prejudiquem a barreira cutânea é muito importante para evitar reações indesejadas, como a sensibilização da pele, e também para as pessoas que estão usando outros produtos de skincare. Esses cosméticos, a via de regra, atuam melhor na pele íntegra”, diz Romancini.
Ana Lia Vandoni, gerente global de educação da Biossance, cita outros motivos para novos hábitos em relação à limpeza facial. “O estresse pelos dias incertos e o uso contínuo da máscara de proteção foram determinantes para a alteração no microbioma da nossa pele. Prova disso é o termo ‘maskne’, que foi criado por conta do aparecimento da acne decorrente do uso desse equipamento de proteção”, explica.
Para lidar com essas duas questões, a Biossance colocou no mercado no início deste ano um gel de limpeza com um complexo de prebióticos e esqualano derivado de cana de açúcar. “Com todo o estresse demonstrado na nossa pele por conta dessa instabilidade emocional durante a pandemia, sentimos a necessidade de criar um produto que trouxesse além de um sensorial relaxante trifásico, algo que pudesse também cuidar e tratar a nossa pele. Ele consegue hidratar, trazer proteção antioxidante e recuperar a sua flora natural”, afirma Vandoni.
Muitas outras marcas seguiram essa tendência, investindo em produtos mais suaves para a higienização da pele ou que oferecem múltiplos benefícios. A Nivea foi uma delas. A recém-lançada Aqua Rose, primeira linha completa de cuidados faciais da marca, traz um sabonete com tecnologia micelar, que purifica a pele sem ressecar, e água de rosas orgânica, conhecido ativo antioxidante. Outro destaque é o sabonete 3 em 1, que tem entre os ingredientes a argila branca e o ácido hialurônico e que, de acordo com a Nivea, além de limpar profundamente, realiza uma leve esfoliação e pode ser usado como máscara facial para revitalização da pele.
A pesquisa da IPSOS mostrou também que, pela primeira vez, a imprensa e as redes sociais tiveram mais peso na divulgação de informações e aconselhamento sobre limpeza de pele do que familiares ou amigos. “A imersão no mundo online a que o confinamento da pandemia nos ‘obrigou’ fez com que os meios de comunicação digitais tivessem mais relevância e alcance do que nunca. O compartilhamento das rotinas de skincare por influenciadores via Instagram e TikTok, por exemplo, despertaram o desejo de vários seguidores fazerem o mesmo”, afirma Luciana de Abreu, dermatologista da clínica Dr. André Braz. Mas ela alerta. “Muitas vezes, a orientação passada Por pessoas que não são dermatologistas pode ser equivocada”.
O estudo comprovou isso. Entre entrevistados, 69% afirmaram usar água quente e morna para limpar o rosto, 42% utilizam apenas água na limpeza facial e 31% disseram que se sentem "limpíssimos" após a higienização, o que pode indicar uma barreira cutânea prejudicada.