Diretora de perfumaria da Natura, Denise Coutinho afirma: “a história da perfumaria Natura se funde com a história da perfumaria no Brasil”. Fundada em 1969, a marca levou dez anos para lançar sua primeira fragrância, Sr. N, um clássico masculino até nos dias de hoje.
Nos anos 1980, chegou a Eau de L’arc, que se transformou na bem-sucedida linha Natura Águas. Na década seguinte, chegaram ao mercado Kaiak e Essencial, as duas maiores marcas de perfumaria do país, segundo painel da Kantar (2020). Mas foi a partir dos anos 2000 que a empresa começou a traçar o projeto de se tornar a “Casa de Perfumaria do Brasil” (posicionamento adotado na comunicação desde 2017). “Quando pouco se falava em criações nacionais de fragrâncias, a Natura foi buscar na natureza, mais especificamente na Amazônia, a inspiração para suas criações”, diz Coutinho.
Em busca de novos ingredientes da biodiversidade brasileira, a empresa passou a realizar bioprospecções - expedições até então comandadas apenas por casas de fragrâncias. “Através delas, a Natura descobriu ingredientes que nunca haviam sido utilizados na perfumaria mundial, como a priprioca, o breu branco e a Vanilla bahiana”, cita a diretora.
Ela explica que este é um processo longo, que demanda anos de pesquisa e desenvolvimento. “Após a seleção dos ingredientes, começa a domesticação e o cultivo das espécies. Com o sucesso nesta etapa, o material é colhido no campo para que a extração dos óleos essenciais seja feita cuidadosamente no laboratório da Natura. Todo o procedimento é feito de forma sustentável e em parceria com comunidades locais”, ela ressalta.
A priprioca foi o primeiro óleo essencial registrado pela Natura. “Na época, não se registrava um novo ingrediente na paleta internacional há mais de 30 anos”, lembra a executiva. Atualmente, a Natura conta com mais de 20 óleos essenciais exclusivos na sua paleta olfativa da perfumaria.
“Sempre digo que cada ingrediente é uma cor de tinta da paleta de um pintor. Na Natura, além das ‘cores’ clássicas disponíveis do mercado mundial, temos 20 opções a mais para pintar a brasilidade e reforçar nossa identidade olfativa nas fragrâncias”, afirma Verônica Kato. Ela é há mais de 15 anos perfumista exclusiva da Natura, a única empresa da América Latina a ter uma profissional “in house”.
Kato desenvolve as fragrâncias da Natura em parceria com perfumistas das maiores casas de fragrâncias do mundo, como a Givaudan e a Symrise. “O processo de cocriação nos permite internalizar todos os ingredientes de suas paletas em nosso laboratório e ter acesso ao sistema de fórmulas, o que gera rapidez, diversidade olfativa e criativa, além de nos garantir alcance às tendências olfativas e às inovações globais”, ela justifica.
Para materializar toda sua trajetória em perfumaria, a Natura acaba de inaugurar o espaço físico da Casa de Perfumaria do Brasil. Um misto de laboratório de alquimia, com biblioteca de cheiros e mostra interativa e audiovisual, o espaço é dividido em quatro ambientes – Sala Multissensorial, Jardim Aromático, Jardim de Frascos e Sala Alquimia –, que combinam arte, ciência, natureza e tecnologia.
“O espaço é uma verdadeira viagem multissensorial no universo da perfumaria. Uma jornada que é guiada pelos sentidos e nos leva a uma conexão emocional com paisagens, pessoas e ingredientes de um Brasil exuberante”, diz Kato. “Durante a experiência, somos envolvidos pelos cheiros, sons, cores, texturas e imagens da brasilidade presente na perfumaria da marca. Isso não se explica, só se sente”, acrescenta.
Projetado pelo arquiteto Roberto Loeb, com concepção criativa do curador Marcello Dantas, o espaço está inserido no macroprojeto do Centro de Inovação da Natura, o mais avançado polo de pesquisa e tecnologia cosmética da América do Sul, que fica localizado em Cajamar, na Grande São Paulo. O acesso ao público deve ser liberado em breve, integrando o programa de visitas da Natura.