A pele da brasileira não é igual à pele da mulher europeia, muito menos da asiática. Fatores como a exposição excessiva ao sol, diferentes tipos de clima no país e a miscigenação da população no Brasil fazem com que o ritual de skincare que funciona em outros lugares do mundo, não funcione por aqui.

Passamos anos e anos recebendo o que vinha de fora e colocando em uso, muitas vezes sem levar em consideração a peculiaridade da pele, da cultura e da rotina da brasileira”, diz Patrícia Lima, CEO e fundadora da Simple Organic. “A rotina coreana, por exemplo, chegou com tantos passos, que não se encaixa no dia a dia corrido. Os produtos pesados, que têm um longo tempo de absorção, também não foram pensados para nossas peles mistas e oleosas e os dias de muito calor”, acrescenta. Sua marca é uma das pioneiras do movimento BBeauty (de Beleza Brasileira, em inglês), que surgiu como uma resposta a essa universalização dos produtos de skincare.

O BBeauty apoia uma rotina minimalista e eficaz com produtos voltados às características das peles brasileiras”, explica o dermatologista Luiz Romancini, fundador da Creamy. “O movimento está se destacando por valorizar a diversidade e representatividade da pele brasileira. Essa identificação cultural nos rituais de beleza e autocuidado é importante para encontrar fórmulas e tratamentos mais assertivos”.

O movimento foi impulsionado com a chegada da Covid-19. “O skincare, como ferramenta de autocuidado, ganhou protagonismo na pandemia e marcas brasileiras focadas em levar o melhor do Brasil e de suas matérias-primas – tão eficientes quanto ativos importados – se fortaleceram no mercado interno e passaram a ser destaque no mercado internacional”, afirma Lima.

A Simple Organic foi uma das empresas citadas em uma extensa publicação sobre BBeauty no Business of Fashion (BOF), uma das principais plataformas globais de moda e beleza. “Nosso destaque na capa do BOF só reforça que estamos no caminho certo e a internacionalização da marca é um caminho natural”, revela a CEO.

CARE Natural Beauty é uma das marcas que lideram o movimento

Patrícia Camargo, co-fundadora da CARE Natural Beauty, aponta outro fator para a popularização do movimento fora do Brasil. “Há cinco anos, não tínhamos tanta tecnologia disponível para o desenvolvimento de produtos de altíssima performance, como temos agora. Acreditamos que seja uma grande surpresa para o mercado internacional tantos produtos de qualidade, que privilegiam ativos nacionais e desenvolvidos especialmente para pele da brasileira”, diz.

Ela lembra que marcas de BBeauty também têm um forte apelo sustentável. “As pessoas estão mais preocupadas com o que descartam no meio ambiente e como esse consumo desenfreado impacta no planeta e na saúde das pessoas. O comportamento de compra está mudando e o olhar do consumidor está atento às embalagens, logística reversa, substâncias nocivas à saúde”, afirma Camargo.

Outra característica das empresas que encabeçam esse movimento é a cultura digital, com vendas online, relação próxima com os clientes e parcerias com influenciadores “reais”, que transmitem veracidade e respeitam a diversidade dos seus públicos.

Assim como outras empresas de cosméticos, a Creamy é totalmente digital. Nascemos em meio à pandemia e isso não nos impediu de conquistar nosso público. Os influenciadores foram parte importante neste processo, não apenas para a comercialização dos produtos, mas também para disseminar informações úteis sobre skincare”, cita Romancini. Para ele, o BBeauty veio para ficar. “As pessoas buscam otimizar tempo, por isso uma proposta de cuidados mais simples e certeira é a melhor opção”.

A fundadora da Simple Organic também acredita no futuro do movimento. “O que está acontecendo lá fora vai continuar fazendo parte das rotinas brasileiras, mas o BBeauty vem para completar esse processo e não deve ir embora. Afinal, faz muito mais sentido abraçar o que foi pensado para mim”, finaliza Lima.