Em 2021, a família Sabará concluiu a venda da Beraca - uma das principais fabricantes de ingredientes naturais para o setor de cuidados pessoais - para a suíça Clariant. Desde 2015, a multinacional de especialidades químicas já detinha 30% das ações da empresa amazônica e, ao adquirir a porcentagem restante da participação, incluiu uma cláusula de não-concorrência de três anos.

Passado esse período, o Grupo Sabará anunciou seu retorno ao mercado de cosméticos com a Concepta Ingredients. A empresa é fornecedora de insumos para indústrias como a veterinária e de bebidas e tem um portfólio de soluções tecnológicas e produtos naturais, orgânicos, sustentáveis e rastreáveis.

“O mercado de cosméticos está muito mais competitivo. Estamos muito felizes com esse retorno para um setor que conhecemos bem e em que somos reconhecidos pela qualidade e rastreabilidade dos insumos fornecidos”, afirma Ulisses Sabará, sócio-presidente do Grupo Sabará.

Fábrica em Valinhos (SP)

Ele diz que, no tempo em que estiveram afastados do segmento de beleza, expandiram os negócios nos mercados farmacêutico e de alimentos, desenvolvendo também novas tecnologias de produção, pensando em toda a cadeia produtiva. O grupo também investiu US$ 5 milhões na inauguração, em 2023, de uma fábrica exclusiva da Concepta Ingredients na cidade de Valinhos (SP). No ano seguinte, foram ampliadas as plantas de utilidades, extração e refino, permitindo alcançar mais de 6 mil toneladas anuais de produtos acabados.

“A ideia é agregar valor na cadeia, instruindo e investindo nos grupos remotos para elaborarem as primeiras etapas de produção. Nosso próximo passo é contar com uma nova unidade, também no interior de São Paulo, voltada para a produção de óleos essenciais”, revela o executivo.

Para essa volta ao setor de cosméticos, a empresa desenvolveu um portfólio de especialidades para aplicações em fórmulas para o cabelo, face e corpo, segundo Sabará, que destaca dois ingredientes. “O extrato de calêndula, fruto de um trabalho minucioso de pesquisa, é indicado para produtos voltados ao cuidado com a pele e tem efeitos calmante, hidratante e protetor. Já o óleo de licuri, proveniente da Bahia, pode substituir o silicone em soluções para pele e cabelo.”

Também estão no catálogo a linha de óleos vegetais com a certificação Grau USP (atendendo aos padrões de qualidade e pureza estabelecidos pela United States Pharmacopeia, organização científica dos EUA), como o de coco, gergelim e girassol, além das manteigas de murumuru e cupuaçu e de óleos vegetais diversos, como o de açaí, babaçu e castanha-do-Brasil, entre outras especialidades.

20% do faturamento no primeiro ano

O executivo diz que a expectativa é de que a área de cosméticos – que chegou a representar mais de 50% do total do negócio a partir dos anos 2010 – seja responsável por 20% do faturamento já no primeiro ano das atividades.

“Estivemos cerca de três anos fora do mercado e estamos sendo procurados por clientes que atendemos durante mais de 20 anos. Portanto, cremos que nossa volta gerará ganhos tanto para eles quanto para a nossa companhia. Além disso, há o crescente interesse do mercado internacional por nossos produtos.”

Segundo ele, mais da metade da receita pode vir do mercado externo. “Hoje, apenas 5% é proveniente deste mercado, mas, esforços e ações práticas estão sendo feitas e, com produtos inovadores lançados, devemos atingir esta meta em pouco tempo. Trabalhamos com ingredientes interessantíssimos da sociobiodiversidade brasileira que, com algumas exceções, é mais valorizada nos mercados externos do que aqui no Brasil.”