A Dynvibe trabalha a partir de três fontes de dados essenciais: social data (conversas espontâneas nas redes sociais); pesquisas efetuadas com motores de busca; e dados obtidos por influenciadores tradicionais ou identificados como change makers. A partir de estudos realizados para seus clientes, a empresa extraiu os dados referentes ao público feminino e identificou quatro importantes revoluções em andamento.
"Não se trata de pequenos sinais que começam a despontar no horizonte de tendências, mas de uma série de revoluções no consumo, o que é bem diferente. Estamos realmente vivendo uma fase de emancipação e maior autonomia do público feminino. As redes sociais atuam como catalisadores e promovem o impulso coletivo", afirma Audrey Laurent, responsável pelo estudo.
A primeira revolução observada, que recebeu o título de Reclaim the Narrative, marca o fim de muitos tabus na esfera social. As conversas on-line mostram a liberação da palavra feminina no âmbito de diversos temas sobre os quais, no passado, as mulheres simplesmente não falavam, como o questionamento de normas estéticas, a amamentação em público, o prazer feminino e a independência financeira. Trata-se de um fenômeno mundial – bem visível no Ocidente, mas ainda incipiente na Ásia – que abrange várias gerações e é marcado pela presença forte de mulheres maduras que desejam oferecer um futuro melhor às próximas gerações.
"Três elementos saltam aos olhos. Por um lado, a semântica extremamente crua que essas mulheres usam para descrever a realidade que vivem. É também perceptível a onipresença de sentimentos negativos, como frustração, decepção, raiva e a sensação de injustiça que permeiam essas conversas. Isso revela que elas estão vivendo uma situação hoje considerada inaceitável. Essa é a fase que precede a reação. Por fim, esse fenômeno se manifesta em todos os espaços da internet, incluindo redes sociais e fóruns especializados", completa a responsável.
A segunda revolução, denominada Reframe resilience, corresponde ao fato de que as mulheres estão percebendo que não estão sozinhas. Decepcionadas com o que dizem as marcas e com o desprezo dos profissionais de saúde em relação a temas como menstruação ou menopausa, elas estão se dando conta de que, juntas, são capazes de procurar soluções que atendam às suas necessidades.
Essa conscientização sinaliza o início de uma retomada do controle – o Restore Control –, que corresponde à terceira revolução, a do acesso a conhecimentos especializados por parte do público feminino. Esse aspecto é caracterizado pela firme determinação de tomar decisões embasadas. As mulheres agora se documentam, buscam expertise e contam com o apoio da comunidade on-line para encontrar soluções comprovadamente eficazes. Essa busca pelo conhecimento se estende por todos os aspectos da vida dessas mulheres, abrangendo saúde, beleza e bem-estar.
"Atualmente, o que se espera das marcas é que apresentem argumentos científicos e que expliquem os mecanismos de ação dos produtos e os benefícios específicos que eles proporcionam. Essa crescente expertise as leva a descompartimentar universos diferentes, incorporando soluções variadas a seus hábitos de vida. Por exemplo, as mulheres estão recorrendo tanto a produtos cosméticos e suplementos alimentares quanto a exercícios físicos e meditação, tudo isso com o mesmo objetivo de cuidar da beleza. Ou seja, estão implementando ecossistemas de soluções a partir de elementos selecionados em universos distintos. Isso intensifica a dinâmica da concorrência entre as marcas, mas ao mesmo tempo é uma excelente oportunidade para aquelas que souberem representar uma visão mais holística da mulher", explica Audrey Laurent.
Para terminar, a última revolução, denominada Reignite mentorship, é a da mentoria, caracterizada pela ajuda mútua entre os membros da comunidade, marcando uma mudança na dinâmica do universo de influenciadores. As mulheres estão ajudando umas às outras e valorizando a palavra de cada uma.
"Já estamos vendo algumas marcas se esforçando para integrar essa visão, pois é urgente apreender essas revoluções a fim de captar o público feminino. É também uma oportunidade em termos de liberdade no tom utilizado pelas marcas, buscando retirar a camada de verniz, se liberar de culpas e promover formas mais autênticas de comunicação", conclui Audrey Laurent.