Até 2026, as vendas on-line de cuidados da pele e de produtos de beleza terão um ritmo de crescimento mais de três vezes superior ao das vendas realizadas pelas lojas físicas. A crise de covid-19, com sua sucessão de quarentenas e o interminável abre e fecha de lojas e shoppings, revolucionou os hábitos de consumo. Essas são algumas das projeções apresentadas em um relatório elaborado pela plataforma Edge by Ascential, com base em dados coletados por sua divisão de pesquisas e análise Edge Retail Insight [1].

Crescimento de dois dígitos das compras on-line

Segundo as previsões dos autores do relatório, as vendas mundiais de produtos de saúde, beleza e cuidados pessoais deverão registrar, globalmente, um aumento de 305 bilhões de dólares entre 2021 e 2026, alcançando 1,34 bilhão de dólares. Refletindo a mudança dos hábitos de consumo em favor das compras pela internet – tendência que se acentuou com a pandemia –, pouco mais de 50% do crescimento das vendas de produtos dessa categoria será gerado pelo comércio eletrônico.

Segundo a Edge Retail Insight, entre 2021 e 2026 as vendas on-line do setor deverão registrar 12,1% de crescimento anual composto (CAGR, na sigla em inglês), superando, em muito, a taxa de crescimento das vendas realizadas pelas lojas, que ficará situada em 3,3%. A crescente preferência pelas compras na internet é claramente visível nas previsões relativas à Walmart: enquanto as vendas da rede de lojas deverão crescer 3% entre 2021 e 2025, as vendas pela plataforma Walmart.com deverão registrar um aumento de 13,6% no mesmo período. Isso significa que, em 2026, as compras pela internet responderão por quase 30% (26,8%) das vendas mundiais da categoria beleza e cuidados pessoais, em comparação com um quinto em 2021.

"Para início de conversa, certos artigos que antes só eram vendidos nas lojas hoje estão disponíveis on-line. Além disso, nesta era de grande mobilidade, as marcas não perderam tempo e adotaram tecnologias digitais inovadoras que facilitam a interação a distância com os consumidores. Prova disso é o uso da realidade aumentada, que oferece, por exemplo, a possibilidade de testar virtualmente um batom, de participar do lançamento de uma nova coleção ou de aproveitar as promoções anunciadas com frequência cada vez maior por gigantes do mercado como Alibaba, Amazon e JD.com. Sem falar na plataforma chinesa Pinduoduo (PDD), que – com uma projeção de 17% de crescimento anual composto entre 2021 e 2026 – vai puxar para cima os resultados da categoria nos próximos cinco anos", afirma Deren Baker, CEO da Edge by Ascential.

O avanço contínuo e inexorável de plataformas marketplace obriga as marcas que operam no setor de beleza e cuidados da pele a se concentrarem na otimização dos fatores que impulsionam seu crescimento nesse tipo de canal. "No novo universo das vendas no varejo, as marcas precisam estabelecer estratégias de aproximação específicas ao seu mercado e verificar que dispõem de bases sólidas e de cadeias de abastecimento flexíveis, de forma a garantir prazos de entrega curtos no caso de aumento imprevisto da demanda por parte dos clientes", continua Deren Baker.

Ásia, o berço das plataformas que mais crescem

Ainda que a Amazon e a Alibaba venham a registrar, entre 2021 e 2026, um rápido aumento das vendas, com crescimento previsto de 14,2% e 12,4%, respectivamente, é na Ásia que os números deverão ser mais impressionantes. Segundo a Edge by Ascential, o aplicativo móvel da plataforma chinesa Pinduoduo – que em 2020, apenas seis anos após ser lançado, acumulava 788,4 milhões de usuários inscritos, à frente da Alibaba (779 milhões de usuários) – deverá registrar, até 2026, crescimento anual composto de 17,1%. Da mesma forma, no Sudeste Asiático, a plataforma Shopee deverá crescer 16,8%.

Tanto a Pinduoduo como a Shopee seguem modelos inovadores, baseados em interações sociais e experiências móveis. A plataforma Shopee vem consolidando suas operações internacionais, com a ampliação de sua presença no mercado latino-americano, ao passo que a Pinduoduo continua priorizando seu modelo de compras coletivas, a fim de reforçar o engajamento dos usuários do aplicativo.

"Alguns dos atuais protagonistas do setor de beleza e cuidados pessoais já perceberam que as vendas on-line de seus produtos oferecem um grande potencial de lucro. Pertencente ao Grupo LVMH, a Sephora, empresa francesa que detém uma das maiores redes de lojas de produtos de beleza, ingressou em julho no mercado britânico com a aquisição da Feelunique, plataforma de vendas on-line. Poucos meses antes, em abril, o fundo americano Carlyle comprou a Beautycounter, marca especializada em clean beauty, concluindo um acordo que movimentou 1 bilhão de dólares", explica Florence Wright, analista sênior da Edge by Ascential e autora do relatório.

Para acompanhar a evolução dos hábitos de consumo, as marcas do setor de beleza e cuidados pessoais precisam, mais do que nunca, adotar uma estratégia multicanal e mobilizar todos os pontos de contato digitais à sua disposição, a fim de potencializar o engajamento dos consumidores e dinamizar as vendas.