Vanessa Bretas, gerente de inteligência de mercado da ABF

A Associação Brasileira de Franchising (ABF) divulgou a 2ª edição do estudo “50 Maiores Marcas de Franquias no Brasil”. Realizada entre seus mais de 1100 associados, a pesquisa por número de unidades revelou maior participação do setor de Saúde, Beleza e Bem-Estar, que passou de 12% para 16% neste ano, ficando na 3ª posição, atrás de alimentação (34%) e serviços educacionais (18%).

O ranking do franchising segue liderado pela rede O Boticário, com 3762 lojas – ainda bem à frente da vice, AM PM Mini Market, com pouco mais de 2400 pontos em operação. A Sobrancelhas Design, que na edição passada aparecia como penúltima na lista, agora está em 46º lugar, somando 302 estabelecimentos. Também entraram para o ranking as redes Spa das Sobrancelhas (43º) e Não+Pêlo (47º), com 304 e 299 unidades, respectivamente.

Em entrevista para o Brazil Beauty News, Vanessa Bretas, gerente de inteligência de mercado da ABF, analisa os números e fala sobre a tendência de busca por um estilo de vida mais saudável pelos brasileiros.

Brazil Beauty News – Na 2a edição do estudo das 50 maiores marcas de franquias no Brasil, feito pela ABF, o segmento de Saúde, Beleza e Bem-Estar teve participação de 16%, superando os 12% do ano anterior. Quais fatores levaram a esse aumento?

Vanessa Bretas - O crescimento da participação deste segmento se deve ao ingresso de duas marcas no grupo das 50 maiores: Spa das Sobrancelhas e Não+Pêlo. A chegada destas novas redes está em linha com o bom desempenho do segmento nos últimos anos, registrando expansão em termos de faturamento e unidades.

Brazil Beauty News - A categoria ultrapassou o segmento de moda, assumindo o terceiro lugar no ranking de participação. Foi uma surpresa para o setor?

Vanessa Bretas - Não diríamos que foi uma surpresa, dada a sólida posição dessa indústria. Temos também que levar em consideração que o segmento de Saúde, Beleza e Bem-Estar, por vezes, é impulsionado pelo chamado consumo de substituição. Por exemplo, se não posso comprar um carro ou fazer uma viagem internacional, invisto em pequenas gratificações, como um cosmético ou tratamento estético. Por fim, esta é uma área em que as marcas se esforçaram em explorar outros canais de venda complementares, como o e-commerce e a venda direta associada às franquias.

Brazil Beauty News - Tirando a rede O Boticário, que comercializa cosméticos, as outras três empresas do segmento no ranking são voltadas para os cuidados pessoais. Essa é uma tendência no ramo do franchising?

Vanessa Bretas - O que a ABF vê como tendência é a saudabilidade e a busca por bem-estar em diferentes faixas da população. Essas redes atendem a este anseio, de forma acessível e com qualidade.

Brazil Beauty News - O estudo mostra que a maioria das empresas no ranking (66%) tem mais de 10 anos de mercado. As redes Spa das Sobrancelhas e Sobrancelhas Design ainda não chegaram aos 10 anos e a Não+Pêlo acabou de completar uma década. Por que elas são exceção a esta regra?

Vanessa Bretas - Embora existam exceções, a formação de uma rede com mais de 200 unidades demanda um tempo de maturação. Quando elevamos para mais de mil, ele é ainda maior. O tempo de atuação é um fator importante, mas não exclusivo, ao se avaliar o investimento em determinada rede. Os casos de crescimento acelerado apontam, em geral, mercados que estão sendo desbravados, mas é necessário que o empresário tenha muito controle e profissionalismo para manter a solidez e eficiência de suas operações.

Brazil Beauty News - O Boticário, que há muito tempo lidera o ramo de franquia no país, registrou um saldo de mais 32 lojas, entre unidades abertas e fechadas de 2016 para 2017. Em 2º lugar, está a rede de lojas de conveniência AM PM, instalada em postos de gasolina, com mais 400 unidades em relação ao levantamento anterior. Você acha que a posição de liderança do Boticário pode ser colocada em risco em alguns anos?

Vanessa Bretas - Com quase quatro mil lojas, é natural que o ritmo de expansão do Boticário não seja tão acelerado, ainda mais nestes últimos dois anos de recessão econômica. Já as redes de alimentação, como a AM PM, vivem um momento de grande crescimento por conta da mudança do comportamento do consumidor, que passou a comer mais fora de casa e comprar em pequenas quantidades, e da busca por uma rentabilidade maior nos postos de gasolina. Neste patamar de unidades, a expansão tem seus desafios próprios e fica difícil antever qualquer movimento. O que podemos ressaltar é que, em apenas dois anos, o setor de franquias deu sinais de grande vitalidade.