Desenvolvido pela Natura, em parceria com o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e a Vert Securitizadora, o projeto de financiamento “Amazônia Viva” foi selecionado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para receber recursos por meio de um edital de blended finance – que combina recursos de fontes privadas, sociais ou públicas para investimentos em negócios de impacto social.

Priscila Matta, gerente de sustentabilidade Natura, explica a importância do projeto.A Natura trabalha há mais de 20 anos com o conceito de bioeconomia da sociobiodiversidade na Amazônia, que se baseia na valorização de processos sustentáveis, voltados para a conservação e regeneração ambiental e a inclusão social, e também em práticas e conhecimentos tradicionais dos povos locais. Felizmente, esse conceito vem ganhando mais espaço, mas é um imenso desafio escalar e ampliar a agregação de valor para as inúmeras e pequenas cadeias envolvidas”.

Para expandir a bioeconomia da sociobiodiversidade, ela diz que é preciso fortalecer todo seu ecossistema e que o mecanismo de blended finance traz a possibilidade de um desenvolvimento que alie a conservação da Amazônia com geração de renda. “Ter sido selecionado no edital do BNDES é uma grande oportunidade de expansão das cadeias e uma importante validação do modelo, além da própria parceria com o BNDES e do aporte financeiro que colaborará para os primeiros passos do mecanismo”.

Mais produtividade e renda para cooperativas agroextrativistas

O “Amazônia Viva” prevê aumentar a produção e o volume de faturamento de mais de 40 cooperativas de pequenos agricultores e beneficiar mais de 10 mil famílias na região, estimulando o desenvolvimento territorial em cerca de 16 territórios. “Os produtores terão capital de giro e investimentos para protagonizar uma operação mais eficiente, além de fomentar programas socioambientais que ajudem a resolver problemas estruturantes dos territórios e fortalecer o protagonismo de jovens e mulheres, por exemplo”, cita Matta.

A gerente de sustentabilidade explica que, como a Natura é uma das idealizadoras, investidora e será a principal off-taker (compradora), os primeiros beneficiários do mecanismo serão as cooperativas e associações inseridas nas comunidades agroextrativistas que já possuem relacionamento com empresa. “A partir da segunda fase de implementação, pretendemos alavancar a participação de outros off-takers e mais comunidades, abrindo espaço para aumentar o percentual do investidor comercial”.

“Floresta vale muito mais em pé do que derrubada”

A iniciativa também prevê contribuir para a conservação de 3 milhões de hectares da floresta, que é uma das metas sustentáveis assumidas pelo grupo Natura &Co para 2030. Atuando na região amazônica desde 2002, no lançamento da linha Ekos, a companhia calcula já ter contribuído para conservar 2 milhões de hectares da área. “Comprovamos que a floresta vale muito mais em pé do que derrubada e trabalhamos para que o Brasil se torne cada vez mais referência em uma economia verde e inclusiva na Amazônia”, afirma Matta.

Segundo ela, o projeto de financiamento é um marco na relação que a Natura vem construindo com o território e as comunidades agroextrativistas da Amazônia. “Somos testemunhas de que desenvolvimento econômico, progresso social e conservação da floresta não são incompatíveis”.

Para 2030, o grupo tem ainda como meta o aumento do fluxo de receitas das comunidades amazônicas por meio da ampliação do uso de bioingredientes, chegando a 55 bioingredientes, e a colaboração com R$ 60 milhões ou mais em valor para as cooperativas agroextrativistas.