Para reduzir o impacto dos resíduos sólidos no meio ambiente, o Brasil instituiu em 2010 a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Sob pena de multa e até prisão, a Lei Federal nº 12.305 diz que as empresas devem evitar que resíduos sejam descartados de maneira incorreta ou transformados em lixo quando poderiam ser reutilizados. Passados dez anos, essa ainda é uma realidade distante no país. Mas é crescente o número de companhias do setor cosmético que se adequam às regras, criando estratégias ambientalmente responsáveis.

João Teixeira, gerente de sustentabilidade da Natura

João Teixeira, gerente de sustentabilidade da Natura

Uma delas é a Natura & Co, que lançou em setembro um programa de logística reversa de embalagens em 60 lojas da Natura e 35 lojas da The Body Shop, em diferentes cidades brasileiras. “Buscamos incentivar o descarte correto das embalagens, a reciclagem e a economia circular”, afirma João Teixeira, gerente de sustentabilidade da Natura.

A iniciativa tem parceria com a empresa TerraCycle, que recolherá as embalagens e será responsável pela reciclagem na primeira fase do projeto. Os materiais reciclados deverão ser transformados em utensílios, como vasos de plantas e cones de trânsito. “O próximo passo é destinar as embalagens retornadas para cooperativas de reciclagem que fazem parte da nossa cadeia de fornecimento. Assim, conseguiremos efetivamente garantir a circularidade de nossas embalagens dentro de um ciclo fechado”, explica Teixeira.

O programa prevê que a cada cinco embalagens de cosméticos Natura & Co entregues na loja, o consumidor ganha um novo produto. “Nossos clientes já possuem a consciência de preservação do meio ambiente. Consideramos esse apenas um atrativo a mais para o descarte correto. Eles se sentem confortáveis em saber que as embalagens que estão sendo depositadas na loja terão outra utilidade com a reciclagem”, diz Debora Gentil, gerente de marketing da The Body Shop.

Gustavo Fruges, diretor de comunicação e marca O Boticário

Gustavo Fruges, diretor de comunicação e marca O Boticário

O Boticário é outro grande player do setor cosmético que atua com logística reversa, tendo o maior programa implantado em pontos de coleta no Brasil. O piloto teve início em 2006, com uma ação entre funcionários e parceiros. “Esse movimento precisava começar dentro de casa e todos os nossos colaboradores foram incentivados a recolher as embalagens e trazer para o programa”, explica Gustavo Fruges, diretor de comunicação e marca O Boticário.

A iniciativa foi aprimorada ao longo dos anos e em 2016 deu origem ao projeto Boti Recicla, que adaptou as mais de 3700 lojas da rede para receber embalagens pós-consumo dos cosméticos do Grupo Boticário. “Usamos a mesma rede de distribuição e abastecimento dos pontos de venda para recolher esse volume e destinar para 20 cooperativas parceiras homologadas, que fazem a seleção e a reciclagem dos materiais, gerando oportunidade de renda para muitas famílias”, afirma o diretor da marca.

Segundo ele, o desafio é envolver cada vez mais o consumidor nessa corrente sustentável e motivá-lo a fazer o descarte correto dos resíduos. “Por estarmos presente em mais de 1.500 munícipios brasileiros, muitos deles ainda sem sistema público de coleta seletiva, somos ainda mais responsáveis pela conscientização e importância da reciclagem”.

Uma das estratégias para alcançar esse engajamento foi realizada no ano passado. As fachadas das lojas O Boticário em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador ganharam a logomarca Boti Recicla e as vitrines foram preenchidas com resíduos. “É uma atitude simples e de grande impacto no futuro do planeta e na qualidade de vida de cada um. Estamos atentos a esse futuro e precisamos dar a nossa contribuição para a sociedade na questão do meio ambiente”, finaliza Fruges.