Durante décadas, as tatuagens foram símbolo de pura rebeldia e aqueles que tinham coragem – e era preciso muita na época – de marcar para sempre a pele com símbolos ou desenhos não eram vistos com bons olhos pela sociedade. No Brasil, a tatuagem moderna (ou elétrica) chegou nos anos 1960, pelas mãos do dinamarquês Knud Harald Lykke Gregersen. Conhecido como Lucky Tattoo, ele foi considerado o único tatuador profissional da América do Sul até meados da década de 1970.

Peça promocional da MBoah Tattoo

Desde então, muita coisa mudou. Os tatuadores se especializaram, as técnicas e equipamentos evoluíram e o publico interessado se diversificou e cresceu rapidamente: o Brasil é o terceiro país com maior numero de pessoas tatuadas e conta com mais de 12 mil estúdios especializados. Um censo promovido em 2013 pela revista Superinteressante mapeou o perfil dos brasileiros tatuados e revelou que a maioria é mulher (59,9%), tem entre 19 e 25 anos (48,2%) e está cursando ou já concluiu o ensino superior (61,2%).

Numeroso e promissor, este nicho chamou a atenção da indústria de cosméticos. Não adianta escolher bem o desenho e o local do corpo a tatuar, encontrar um estúdio e um profissional de qualidade e aguentar firme a dor. Os cuidados pós-procedimento, realizados com produtos adequados, são essenciais para garantir um bom resultado final.

Quando começamos, não havia nada no mercado com foco neste segmento. A inexistência de cosméticos específicos fazia os consumidores recorrerem a produtos farmacêuticos dedicados a outras necessidades”, afirma Katia Nassimbeni, responsável técnica da marca de cosméticos Tattoo Long Life. Fundada em 2005, a empresa de São Paulo introduziu no mercado brasileiro artigos para o cuidado da pele tatuada, como creme suavizante para o período de cicatrização, hidratante corporal de longa duração e filtro solar com alto FPS.

Inaugurada há pouco mais de dois anos, a Verde Flor também se voltou para esse público, apresentando uma linha ecologicamente correta para cuidados com a tatuagem, a Eko Tattoo. De acordo com o sócio da marca, Thiago Telatin, a fábrica – localizada na região de São Jose do Rio Preto, interior paulista – só trabalha com ingredientes de origem vegetal e nenhum de seus produtos é testado em animais. No portfólio, estão artigos que auxiliam na regeneração e hidratam a pele tatuada.

Mais recente ainda no mercado é MBoah Tattoo. A linha de cosméticos para tatuagem foi criada em 2013 pela empresa MBoah, de Minas Gerais. Ela traz três versões de hidratantes, um para fase de cicatrização e dois para cuidados diários, um feminino e outro masculino. Os produtos prometem preservar a estrutura da pele, manter os traços originais do desenho e realçar o brilho das cores.

A categoria está otimista. “Estamos registrando um crescimento de 30% ao ano e a tendência é aumentar. Com a regularização de estúdios, produtos notificados ou registrados na ANVISA e a conscientização de como fazer uma tatuagem segura, o interesse do público vem se expandido cada vez mais”, diz a técnica da Tattoo Long Life, que planeja para este ano, em que a empresa comemora uma década de existência, o lançamento de um novo protetor solar com FPS 54.

Sobre o preconceito que envolve tatuados, Katia acredita que hoje “a sociedade aceita tatuagens de forma mais branda, mas ainda há uma longa estrada para que todos os paradigmas sejam quebrados”.