O uso da cafeína pela indústria brasileira de cosméticos vem de longa data. Subproduto do processo de descafeinação do café, é um ingrediente facilmente obtido no Brasil, o maior produtor mundial de café, com uma área de cultivo de mais de 1,8 milhão de hectares, de acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Sem nunca ter perdido espaço nas formulações de beleza, o insumo aparece em uma grande leva de produtos que chegaram recentemente às prateleiras nacionais.

Ativos já consagrados no mercado continuam a estrelar novas fórmulas, pois são bem aceitos pelos consumidores. Uma vez que o público já está familiarizado e confia em algo que usou anteriormente, isso pode ser um incentivador de compra de novos cosméticos”, afirma Vanessa Machado, diretora de marketing de produto de corpo e banho do Boticário. “Contudo, as novidades trazem também combinações inéditas de ativos, desenvolvimento em tecnologias, novas texturas e formatos, entre outras inovações, atualizando assim as formas de empregar a cafeína em produtos”, acrescenta.

O ingrediente ganhou destaque na linha corporal Nativa SPA Ginseng & Cafeína, lançada por O Boticário há poucos meses. “Ela foi pensada com o objetivo principal de reduzir o inchaço corporal, além de amenizar o aspecto da celulite. É nesta funcionalidade que a cafeína atua majoritariamente. O ativo é lipolítico, ou seja, age na quebra de partículas de gordura presentes nas camadas mais superficiais da pele”, diz Machado.

Trabalhando com cafeína há quinze anos, a Ada Tina Italy também recorreu ao insumo para desenvolver o novo gel creme para tratamento da celulite Lipotherm. O CEO Maurizio Pupo ressalta: “A cafeína é uma matéria-prima natural e extremamente segura, mas existe uma grande dificuldade de fazê-la penetrar através das camadas da pele e atingir os depósitos de gordura”. Por isso, para esse produto foi criada a Active Caffeine, um tipo de cafeína muito mais solúvel, que penetra mais na pele, alcançando resultados melhores e mais rápidos, segundo a marca.

A cafeína é rica em xantina, substância que contribui para melhorar a circulação sanguínea. Por essa propriedade, o ativo está presente tanto no sérum para a região dos olhos Minéral 89 como no novo protetor solar Capital Soleil UV-Glow FPS 60, ambos da Vichy. “A cafeína ajuda na microcirculação da região onde o produto é aplicado, aumentando a infiltração de nutrientes na pele e contribuindo para reduzir os sinais de cansaço ao longo do dia”, afirma a diretora da marca Renata Guberfain. “Combinada ao LHA neste protetor, a cafeína forma um complexo para estimular a renovação visível da pele e a devolver o viço natural”, ela complementa.

A Biossance, que também já usava cafeína em um gel para área dos olhos, lançou um creme corporal firmador formulado com o insumo. “Optamos por usar a cafeína proveniente da semente do café verde, que traz o efeito firmador da pele, dando mais tonicidade e contorno corporal”, diz a gerente global de educação Ana Lia Vandoni.

A cafeína está ainda presente em novos produtos de cuidados capilares, como na linha Cabeleira, da Widi Care. “O ativo auxilia a circulação sanguínea do couro cabeludo, fazendo com que fique mais oxigenado, estimulando assim a absorção dos outros ativos presentes na composição”, explica o coordenador de marketing Jonathan Modesto.

Ele conta que esta é a primeira experiência da marca com cafeína e acredita que a matéria-prima deve conquistar mais o mercado. “Além de seus benefícios, é um item muito presente na cultura brasileira. Com consumidores cada vez mais conscientes e a grande tendência de valorizar os ativos nacionais, podemos usá-la novamente em nossos produtos que estão por vir”, finaliza.