Em 2015, em uma viagem ao Atacama, Miguel Krigsner, fundador de O Boticário, notou a forte presença da quinoa nos pratos típicos da região e teve um insight: se o alimento faz tão bem para o organismo, certamente seus nutrientes podem ser aplicados nos cuidados com a pele. Ao retornar ao Brasil, ele reuniu seu time de pesquisa e desenvolvimento para entender como tornar o ingrediente um ativo cosmético. Sem a possibilidade de encontrar um fornecedor da matéria-prima ideal, o Grupo Boticário criou um equipamento exclusivo para realizar em sua própria fábrica o processo de purificação do óleo da quinoa dourada.

Quem conta essa história é Márcio Lorencini, gerente de avaliação de produtos do Grupo Boticário. “O bioéster (óleo) de quinoa é uma tecnologia proprietária do Grupo Boticário, desenvolvido como uma versão potencializada do óleo vegetal e contendo quantidades elevadas de ômega 3, ômega 6, ômega 9 e vitamina E. Tudo isso resulta em três vezes mais antioxidantes que o óleo de semente de uva, comumente utilizado em cosméticos”, ele afirma.

Presente em produtos da linha Nativa SPA Orgânicos, o óleo de quinoa foi tema de um estudo sobre o combate ao envelhecimento da pele realizado pelo Grupo Boticário em parceria com a Fiocruz e a Universidade Positivo do Paraná. A pesquisa foi publicada em um artigo na revista Scientific Reports, do grupo Nature Research. “Os resultados comprovaram as propriedades benéficas do ingrediente, abrindo um leque de possibilidades para sua aplicação em diferentes produtos”, diz Lorencini, um dos responsáveis pelo estudo.

Nas amostras de pele tratadas com o óleo de quinoa, observamos um aumento significativo de proteínas relacionadas à ação antienvelhecimento, equilíbrio (homeostasia) e regeneração tecidual, além de proteção contra radiação ultravioleta e estresse oxidativo”, ele cita. “Realizamos outras análises com bioéster de quinoa que demonstram estímulo à expressão de genes de colágeno e elastina, além de testes de irritação dérmica e ocular que indicam a segurança do ingrediente para fins cosméticos”, acrescenta.

A pesquisa foi possível graças ao uso de duas tecnologias inovadoras: pele 3D e proteômica. “A pele 3D do Grupo Boticário é construída com o uso de células isoladas de amostras de pele humana doadas após cirurgias plásticas (com consentimento do doador e aprovação em Comitê de Ética e Pesquisa). Em laboratório, a pele vai sendo formada, célula a célula, e mimetiza a pele humana, podendo ser utilizada em testes de avaliação de matérias-primas e produtos”, explica Lorencini. “Já a análise de proteômica é baseada em biologia molecular e permite uma análise global das proteínas que são produzidas pelas células de cada amostra. De acordo com o conjunto de proteínas antes e após o tratamento, podemos entender mais sobre processos biológicos e respostas fisiológicas”, acrescenta.

Lorencini ressalta que o óleo de quinoa utilizado nos produtos Boticário é um composto ultrapurificado patenteado pelo Grupo. Mas, questionado se outras marcas não poderiam se valer do estudo publicado para investir em novos cosméticos com ingrediente, ele reafirma seu potencial promissor em skincare. “Ele atua como uma fonte completa de proteínas, rica em vitaminas e antioxidantes. Isso vai ao encontro do desejo do consumidor, que já entendeu que os cuidados corporais são tão importantes quanto os faciais e vem buscando cada vez mais produtos que entregam além de hidratação e perfumação”.

A Nascittá Cosméticos enxergou esse potencial. A jovem marca, lançada no ano passado, incluiu em seu portfólio um hidratante corporal formulado com o ingrediente. “O óleo de quinoa tem duplo poder de hidratação, serve tanto para nutrir quanto proteger a pele. No hidratante, ele cria uma película, evitando que o organismo perca água e a pele desidrate”, diz a fundadora e CEO Bruna Araujo.