O nome ainda é pouco familiar dentro da rotina de skincare, mas o ácido tranexâmico não é exatamente uma novidade quando falamos em cuidado da pele. “O ativo é bastante conhecido da medicina, sendo utilizado há muitos anos de forma tópica, injetável ou oral. Sua primeira aplicação no tratamento de melasma foi registrada em 1979, no Japão. No Brasil, o ativo chegou há pouco tempo em fórmulas cosméticas”, diz Mônica Kolanian, gerente de desenvolvimento de negócios da empresa nipo-americana Rohto Mentholatum.

O ácido tranexâmico é um aminoácido sintético extremamente eficaz no tratamento das manchas escuras, pois atua no bloqueio da plasmina, mensageira inflamatória responsável pelo processo de hiperpigmentação cutânea. Assim, ele consegue inibir a síntese de melanina, o pigmento que dá cor à pele”, explica o farmacêutico Maurizio Pupo, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Ada Tina Italy.

Como matéria-prima cosmética, ele tem vantagens sobre outros ingredientes clareadores e uniformizadores da pele, como a hidroquinona, substância altamente tóxica e passível de muitos efeitos colaterais, mas que por muito tempo foi utilizada como tratamento padrão para o melasma, como lembra Pupo.

Por ter um mecanismo de ação diferente dos clareadores clássicos, o ácido tranexâmico tem baixo potencial irritativo ou de descamação cutânea, sendo seguro para uso até em peles sensíveis”, diz o dermatologista Luiz Romancini, criador da Creamy Skincare. “Além de atenuar manchas existentes, ele minimiza a chance do efeito rebote, tem rápida absorção e também o benefício de poder ser associado a outros ingredientes para uma ação sinérgica e complementar”. No produto clareador e de prevenção de manchas recém-lançado por sua marca, o ativo é combinado a ácido glicólico, niacinamida e alfa-arbutin.

Na fórmula do Sérum Uniformizador da Sallve, o ácido tranexâmico é também acompanhado por alfa-arbutin e niacinamida, além de retinol biomimético. “São quatro ativos que atuam em pontos chaves para uniformizar o tom da pele. O ácido tranexâmico foi escolhido por ter a ação específica de bloquear a plasmina. Hoje, não temos nenhum ingrediente cosmético que o substitua”, relata a gerente de pesquisa e desenvolvimento da marca Carine Dal Pizzol.

Ela conta que no Brasil, os primeiros lançamentos de dermocosméticos com ácido tranexâmico foram em 2016. “Acredito que agora ele está se tornando mais conhecido pelos consumidores e vai ganhar mais espaço, porque traz efeito visível na pele”, fala Pizzol.

Kolanian também aposta no potencial do ingrediente em formulações de skincare no Brasil. “Ele é um ativo poderoso, seguro, sem efeitos colaterais indesejados e com certeza sua curva é de crescimento”. O grupo Rohto Mentholatum traz para o Brasil produtos da japonesa Hada Labo. O portfólio conta com uma loção facial clareadora com ácido tranexâmico, a Shirojyun Whitening Premium Lotion. Kolanian diz que outros itens com o ativo estão nos planos da marca. “Aumentaremos o portfólio gradativamente”.

Para Romancini, os brasileiros já poderiam estar mais familiarizados com cosméticos de ácido tranexâmico. “O preço elevado, o desconhecimento do consumidor da existência desses produtos e até mesmo de seus potenciais efeitos acabam dificultando que o ingrediente se torne popular”. Inaugurada em 2019, sua marca foi criada com o intuito de democratizar a rotina de cuidados com a pele, desenvolvendo produtos de qualidade a preços mais acessíveis. No lançamento, o Ácido Tranexâmico era comercializado a R$ 79.