Líder na fabricação de embalagens de vidro no Brasil e uma das cinco maiores especialistas neste segmento no mundo, a Wheaton acaba de inaugurar em seu parque fabril de São Bernardo do Campos (SP) o museu “Memórias do Vidro”, dedicado à valorização da indústria e dos trabalhadores do setor de embalagens de vidro.

Posso dizer que esse sonho começou 21 anos atrás. Quando nós completamos 50 anos no Brasil, participamos de uma grande feira e levamos para nosso estande um túnel do tempo com os produtos que desenvolvemos ao longo dessas décadas. Para isso, pedimos um acervo emprestado de um colecionador, que tinha um enorme conjunto de perfumaria, que contava toda a nossa história. Depois, nós compramos essa coleção, que tinha 3500 peças e fomos completando, com o intuito de um dia abrirmos um museu”, afirma Renato Massara Jr, vice-presidente comercial e de marketing do Grupo Wheaton Brasil.

O acervo dobrou de tamanho, chegando a 7 mil frascos de perfumaria catalogados, de fabricantes locais e internacionais, além documentos, registros audiovisuais, publicações, equipamentos e objetos da produção vidreira. “Mas o setor de vidro requer um investimento constante e muito alto e sempre faltava dinheiro para implantarmos o museu. Depois de dois anos muito bons para a companhia, finalmente decidimos investir na criação desse espaço”, diz o executivo.

Preservação da história e vitrine para mercado internacional

Ele pontua que “Memórias do Vidro” foi concebido com dois propósitos. O primeiro, como o nome sugere, é preservar a história do vidro e da própria empresa. “A Wheaton tem uma cultura familiar muito forte, que a fez chegar onde chegou. Então, isso é muito importante para nós”. O outro objetivo é fazer desse espaço uma espécie de vitrine para clientes estrangeiros.

Para o mercado externo, o novo espaço mostra que não nascemos ontem, que temos uma indústria moderna e tecnológica e estamos no mesmo patamar e até melhor do que alguns fornecedores europeus. No Brasil, temos enormes empresas de cosméticos, altamente sofisticadas, e nós estamos inseridos nesse mercado. Muita gente lá fora não sabe disso”, ressalta o VP.

A companhia brasileira exporta para mais de 40 países e busca expandir esse negócio, oferecendo como diferenciais flexibilidade, rapidez e inovação. “O mercado de vidro não é muito flexível. Enquanto o europeu demora um ano para desenvolver o molde, nós fazemos em três meses. Enquanto ele precisa de um ano para planejamento, nós falamos em quinze dias. O europeu, de “barriga cheia”, não leva muita inovação, já nós trabalhamos há anos num projeto para trazer a cultura de inovação para dentro do vidro. Então, nós ganhamos com isso”, afirma Massara Jr.
Ele acrescenta ainda o esforço da Wheaton para apresentar soluções em vidro cada vez mais sustentáveis. “Nós temos no Brasil empresas como O Boticário e Natura, que são muito exigentes neste quesito. Nós estamos preparados do ponto de vista sustentável, lembrando que somos pioneiros na indústria mundial de embalagens de vidro a usar o biometano como fonte de combustível”.

Por isso, o executivo acredita em expansão no mercado internacional. “Podemos chegar a 20% do nosso negócio em exportação. Hoje, temos aproximadamente 10%. A ideia é dobrar em três anos, mas não temos pressa e nem poderíamos ser mais agressivos, até porque o mercado brasileiro vai muito bem e é prioritário para nós”.

Histórias de Vidreiros e Vidrarias

Criado para apresentar desde as bases do processo de confecção do vidro até a sofisticação e inovação dos produtos, “Memórias do Vidro” abre com a exposição “Histórias de Vidreiros e Vidrarias”. A curadoria destaca a história da Wheaton e das pessoas vinculadas a ela, apresentando peças do acervo do seu Centro de Memória.

Massara Jr conta que a programação também pode incluir mostras de fabricantes de cosméticos, clientes da companhia. “Nós temos toda a história do Boticário aqui, contada em amostras. Quando você pensa em uma empresa como a Avon, eu garanto que quem entrou agora no time não faz ideia dos produtos que a marca tinha vinte anos atrás, então a pessoa vai poder vir aqui e conhecer a trajetória da empresa onde trabalha. Fora que não tem quem visite o espaço e não se manifeste dizendo ‘eu lembro desse produto’, ou ‘eu usei esse Rastro ou esse Leite de Rosas’. Criamos um espaço de sensações e de boas lembranças”.