Não basta criar um cosmético sustentável, que respeite o meio ambiente e todas as etapas da cadeia produtiva. É preciso pensar em como ele será embalado até chegar às mãos do cliente. Este é um dos principais desafios dos fabricantes de produtos de beleza frente ao crescimento do interesse pelo consumo ético.
O plástico é considerado o grande entrave nesse processo. O Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo e um dos países que menos recicla este tipo de resíduo, com uma taxa de pouco mais de 1%, segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF). De acordo com a ONG, a poluição gerada pelo descarte irregular do plástico pode levar até 100 anos para se decompor na natureza.
Mas começam a surgir no mercado alternativas mais sustentáveis. A Spiltag, especialista em embalagens PET para o setor de cuidados pessoais, conta com algumas delas em seu portfólio. “Como indústria transformadora de plásticos, entendemos que deveríamos buscar soluções que respondam aos anseios contemporâneos de uma sociedade cada vez mais pautada no consumo consciente, na preservação ambiental e, assim, na construção de um mundo onde o plástico não seja o ‘vilão’, mas uma fonte de inovação e criação de novos produtos”, afirma Patrícia Rodrigues, gerente comercial e marketing da companhia.
A empresa, que já trabalhava com embalagens recicladas com uso da resina PET PCR (Pós Consumo Reciclado) – que pode ser aplicada de 25% a 100% nas embalagens –, lançou no ano passado uma linha biodegradável. Ela é produzida a partir do aditivo oxibiodegradável Go Green P-Life, capaz de transformar qualquer plástico derivado de Nafta, oriundo do petróleo, em produto biodegradável. A tecnologia foi desenvolvida no Japão e tem como principal componente o óleo de coco da palmeira, atóxico e de fonte renovável.
“Além de não agredir o meio ambiente, o aditivo mantém as qualidade e propriedades químicas e físicas das embalagens, sem alterar sua produção e a ainda possibilitando o recicle das aparas”, explica Rodrigues. Ela acrescenta que é possível combinar as duas soluções na criação dos produtos. “Tanto o PET PCR como o Go Green P-Life são opções inteligentes, que se complementam. Nossos clientes podem receber uma embalagem reciclada e biodegradável, além de ser reciclável, fechando assim o ciclo de sustentabilidade”.
A marca de cosméticos Amend foi uma das que aderiu às embalagens desenvolvidas com aditivo oxibiodegradável. A novidade chegou com o lançamento da linha Botanic Beauty, formulada com mais de 90% de ingredientes naturais. “O consumo ético está entre as principais tendências comportamentais nos dias atuais. O futuro dos cosméticos depende de uma abordagem mais sustentável e embora uma revolução não aconteça da noite para o dia, cada esforço nesta direção é um grande passo”, diz a gerente de marketing Lucimar Brum. “Por isso, a Amend decidiu iniciar sua contribuição ao meio ambiente, se preocupando cada dia mais com o impacto que causamos na natureza”, acrescenta.
Fabricante de cosméticos naturais e biodegradáveis, a Unevie também busca embalagens que causem menos impacto ambiental. A empresa passou a adotar celofone biodegradável e compostável para embalar seus sabonetes e xampus sólidos. “Ele preserva os óleos essenciais, que são voláteis, e mantém a qualidade das barras nas mais diversas temperaturas e umidade”, afirma a fundadora Andreia Munhoz.
A marca não usa caixas para acondicionar os produtos, mas saquinhos de tecido 100% algodão. As etiquetas são de madeira, que podem ser reaproveitadas como aromatizador para pequenos espaços, e os poucos frascos plásticos estão sendo substituídos por vidro. “Atualmente, apenas 13% do nosso portfólio está em embalagens plásticas e em breve serão 9%”, finaliza Munhoz.