"Com a plataforma Naturality, a Givaudan inaugura um novo capítulo da criação olfativa, caminhando em direção a uma maior consciência ecológica no universo dos perfumes. Essa iniciativa reflete a razão de ser da empresa — Create with Love for Nature. Isso significa criar perfumes que traduzam nosso compromisso ecológico: reduzir em 20%, até 2030, as emissões produzidas por nossos ingredientes e ter uma pegada de carbono positiva até 2050", explica Xavier Renard, diretor global da divisão Perfumaria Fina da Givaudan. "Os clássicos do futuro continuarão a proporcionar prazer e bem-estar, mas ao mesmo tempo respeitarão uma série de critérios que objetivam proteger o planeta".

A preservação do meio ambiente ocupa, portanto, um lugar de destaque no setor de perfumes. "Nos últimos anos, a conscientização do consumidor em relação às questões ecológicas ganhou tanta importância quanto a visão holística", analisa Arnaud Guggenbuhl, diretor de Marketing da divisão Perfumaria Fina.

Para oferecer uma resposta a essa expectativa, a Givaudan vem mobilizando uma grande parte de suas equipes a fim de reduzir o impacto ambiental de seus perfumes, com dois objetivos prioritários: reformular a paleta de ingredientes do perfumista com base em insumos renováveis; e mostrar a esses profissionais caminhos que sejam ao mesmo tempo criativos e ecológicos.

A palete do perfumista, um universo rico em ingredientes renováveis

O foco da estratégia da Givaudan é o upcycling, que busca otimizar ao máximo cada recurso, a fim de criar ingredientes inovadores e ecológicos. A título de exemplo, o fabricante de fragrâncias desenvolveu uma essência natural de pêssego a partir de resíduos da produção de suco de fruta nos Estados Unidos. O resultado tem tudo de uma proeza técnica, na medida em que produz extratos naturais de frutas até então inexistentes na paleta olfativa, com um impacto ambiental mínimo.

A mesma técnica foi utilizada no campo da química verde para a produção de ingredientes sintéticos. Graças a seu programa Five Carbon Path, a Givaudan consegue otimizar a síntese de moléculas usadas em perfumaria, conferindo a elas duas características importantes: serem renováveis e biodegradáveis. O processo de síntese, de alta eficiência energética, gera um volume mínimo de resíduos. Uma boa ilustração das possibilidades oferecidas por essa estratégia é o Ebelia, novo ingrediente exclusivo que traz uma nota frutada semelhante à de cassis.

A biotecnologia, por meio de processos de transformação de baixo impacto de carbono, possibilita também a produção de moléculas com alto poder odorífero, usando apenas uma pequena quantidade de material renovável. O Ambrofix, molécula obtida por reação enzimática a partir de açúcar de cana, é um bom exemplo de utilização desse tipo de tecnologia. Vale citar também a sálvia esclareia: anteriormente obtida a partir de material natural, hoje esse ingrediente exclusivo é fabricado a partir de recursos renováveis. Trata-se, sem dúvida alguma, de um grande passo no caminho da sustentabilidade, que vem merecendo aplausos por parte dos perfumistas.

Todos esses novos ingredientes prometem oferecer aos profissionais novos recursos para desenvolver fórmulas inovadoras.

Rumo a produções olfativas mais sustentáveis

Com o objetivo de se afastar cada vez mais da petroquímica, a Givaudan vem explorando todas as alternativas que permitam oferecer uma paleta de ingredientes 100% renovável até 2030. A empresa lança, assim, uma nova linguagem olfativa que os perfumistas deverão aprender e cujas regras abrem novos horizontes de criatividade. Da mesma forma que o desaparecimento dos almíscares nitrados acabou abrindo espaço para as notas gourmet, as exigências ecológicas estão gerando uma onda de renovação no setor de perfumes.

Essa paleta de ingredientes renováveis tem a vantagem de conferir mais fluidez, harmonia e textura às fórmulas, e essa dimensão inédita vem seduzindo o público. Muito mais que um simples exercício de estilo, o novo cenário oferece aos perfumistas as condições ideais para desenvolver perfumes mais complexos e facetados, através dos quais as emoções encontrem um canal de expressão.

Porém, renovar a paleta do perfumista para diminuir a pegada de carbono dos perfumes é só o começo: para ir adiante, é preciso também repensar o processo de formulação. Nesse sentido, a Givaudan mais uma vez decidiu inovar. Ao diminuir a concentração das fórmulas para 3% ou 5%, o fabricante consegue reduzir o volume de óleo e o uso de ingredientes em todas as regiões do mundo. Isso é possível porque os novos ingredientes — que têm baixa pegada de carbono, mas alto poder olfativo — permitem produzir sillages marcantes, apesar da baixa concentração.

Graças ao conceito “High-Low” (High performance, Low impact carbone), a Givaudan cria perfumes intensos, mas ambientalmente responsáveis. Essa escolha estratégica apresenta também uma série de vantagens em matéria de criatividade para os perfumistas. A baixa concentração dos ingredientes oferece a possibilidade de incorporar materiais cujo uso é rigorosamente controlado pela IFRA, sem correr o risco de que a fórmula ultrapasse os limites fixados pelas normas em vigor. Aliás, a associação dessas notas aos novos ingredientes confere uma dimensão extremamente moderna às fragrâncias. Para completar, a baixa concentração torna também mais fácil o uso de materiais naturais caros na criação de perfumes sofisticados e de alta qualidade.

Em suma, essa estratégia inovadora, paradoxalmente, redinamiza o lado mais clássico da produção de perfumes, pois em certa medida libera a busca estética das amarras impostas pela regulamentação. Embora as vantagens ecológicas e criativas do conceito High Low ainda não tenham chegado ao mercado, essa técnica constitui, para a Givaudan, uma das principais vias do futuro do setor de perfumes.