O sulforafano tem tudo para se tornar não apenas um ingrediente indispensável na formulação de cosméticos capilares, como também um tratamento farmacológico alternativo para a alopecia androgenética, cuja manifestação extrema é a calvície. Essa é a conclusão a que chegou uma equipe de cientistas formada por pesquisadores da empresa sul-coreana Gragem Co. Ltd. e do departamento de Biotecnologia da Universidade de Suwon.

Publicados na revista Cosmetics, os resultados do estudo [1] mostram que o composto orgânico presente no brócolis e na couve-flor provocou um aumento de quase 7% na quantidade de fios de cabelo dos participantes com alopecia androgenética.

Protótipo de formulação

Os pesquisadores desenvolveram um protótipo de formulação à base de quatro ingredientes – dexpantenol, biotina, L-mentol e sulforafano –, a fim de realizar um teste de aplicação clínica em homens e mulheres com alopecia androgenética. O objetivo do teste, conduzido em pessoas com idade entre 18 e 54 anos, era determinar se o gel em questão seria capaz de atenuar os sintomas da queda de cabelos após 18 semanas de uso.

Antes mesmo de iniciar a experiência, os cientistas, com base em estudos anteriores, sabiam que o sulforafano aumenta a expressão da enzima que degrada a dihidrotestosterona (DHT), hormônio apontado como possível responsável pela queda dos cabelos. Partindo dessa premissa, seria possível inferir que o sulforafano inibiria a queda dos cabelos no modelo animal. Faltava apenas testar a hipótese em seres humanos e apresentar os resultados.

O estudo clínico, realizado com 23 pacientes, mostrou que "as linhas parietais e as franjas apresentaram melhora visual, e a quantidade de fios aumentou em 6,71% entre o início e o fim dos testes com o produto".

"Demonstramos que o sulforafano tem potencial para se tornar um cosmético capilar funcional de grande eficácia no tratamento da perda de cabelos provocada pela alopecia androgenética", explicam os autores da pesquisa.

Estudos celulares

Paralelamente, graças a uma série de estudos in vitro sobre o comportamento de alguns tipos de células, os pesquisadores demonstraram também que o sulforafano melhora os níveis de RNA e de proteínas das enzimas Akr1c2 e Dhrs9 em culturas celulares de macrófagos RAW 264.7, sem citotoxidade.

Num cenário em que os ingredientes naturais estão jogando para escanteio as substâncias sintéticas derivadas de petróleo, não seria de surpreender que surgissem novos shampoos, condicionadores e máscaras capilares à base de brócolis, couve-flor e couve-de-bruxelas, alguns dos legumes mais ricos em sulforafano.

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