Em muitos setores industriais, a impressão 3D conseguiu transpor as fronteiras de sua função original - ou seja, construir protótipos -, conquistando espaço nas linhas de produção em série. Na indústria de cosméticos, o aplicador de rímel da Chanel é um bom exemplo de como essa tecnologia revolucionou as práticas, oferecendo excelentes perspectivas para o mercado.
A primeira vantagem é que não existem limites em matéria de design. Como não precisa ser desenformado, o produto fabricado com técnica 3D pode ter os mais variados formatos, adaptando-se a qualquer tipo de função.
"Para a Chanel, a ideia não era recorrer à fabricação aditiva só porque está na moda. O objetivo da marca é, acima de tudo, satisfazer o cliente, oferecendo um acessório que garanta o melhor resultado para a maquiagem. Em termos de design, a fabricação aditiva oferece uma grande liberdade, simplesmente impossível de se ter com os métodos convencionais", explica Cyrille Vue, fundador e dirigente da ERPRO Group. "Em vez de desenhar um aplicador, codificamos o comportamento da função que queríamos obter. Com base nessas informações, o computador sugere diversos modelos. O design paramétrico oferece possibilidades infinitas de criação", continua o dirigente da empresa.
O fabricante recriou o bem-sucedido processo com um novo parceiro, a Albéa, que apresentou, na última edição do salão Luxe Pack Monaco, diversos modelos de aplicadores para maquiagem, bem como tampas para frascos de perfumes com designs surpreendentes, que seriam impossíveis de realizar com a técnica de injeção.
"É essencial desenvolver produtos em parceria. A base do nosso funcionamento é a troca de informações com o cliente desde as fases iniciais do projeto, de forma a integrar as funções desejadas por ele e criar um produto que ofereça um verdadeiro diferencial", explica Cyrille Vue.
Outra grande vantagem da fabricação aditiva é que ela possibilita a personalização dos produtos. A ERPRO já teve a ocasião de expressar essa possibilidade em outros setores, por exemplo com as soluções Myfit, que nada mais são que adaptadores para fones de ouvido realizados com base na forma da orelha do cliente. Graças à flexibilidade que caracteriza a produção em 3D, é possível fazer de cada produto um exemplar único, inclusive no caso de produção em grande quantidade. Considerando a tendência à personalização que vem ganhando o setor de embalagens para cosméticos, o interesse da proposta é evidente.
Outra vantagem importante é que a tecnologia se adapta a qualquer tipo de matéria-prima. No caso dos aplicadores para rímel e outros tipos de pincel ou escova, é usado um material à base de óleo de rícino orgânico. Assim sendo, a dimensão de sustentabilidade amplia ainda mais o interesse dessa tecnologia.
Líder mundial nesse segmento, a empresa francesa registra 15 milhões de euros de faturamento e emprega cerca de cem funcionários. A ERPRO 3D Factory acaba de ser equipada com a 11a máquina de produção EOS P396.
Embora não suplante o uso de métodos convencionais de fabricação, a impressão 3D emerge como uma opção revolucionária que vem atraindo o interesse das marcas. "Adotar a fabricação aditiva significa caminhar rumo ao que é novo, com maior liberdade. Essa tecnologia oferece possibilidades nunca antes exploradas", garante o dirigente, que dá a entender que vários projetos para o setor de cosméticos estão em preparação, com lançamento previsto para muito em breve.