O parecer final do SCCS retoma os termos enunciados no parecer preliminar submetido a comentários no final do ano passado. O Comitê, composto por 17 profissionais independentes especializados em química e toxicologia, considera que o uso de compostos de alumínio não oferece riscos para o consumidor, desde que respeitadas as seguintes concentrações máximas:

 6,25% em desodorantes e antitranspirantes sem spray;
 10,60% em desodorantes e antitranspirantes com spray;
 2,65% em cremes dentais;
 0,77% em batons.

Segundo o SCCS, essas pesquisas recentes concluíram que o alumínio praticamente não é absorvido através da pele, mesmo imediatamente após depilação com lâmina, nem permanece armazenado no corpo. (Foto: shutterstock.com / © AfricaStudio)

Em doses elevadas, o alumínio é uma substância reconhecidamente tóxica. A inocuidade ou não de sua presença em produtos cosméticos, em particular antitranspirantes, foi tema de numerosas polêmicas e de uma série de artigos alarmistas. Alguns estudos sugeriram que os cosméticos poderiam ser uma fonte de exposição ao alumínio ainda maior que a alimentação. Em 2011, com base em um estudo in vitro que buscou medir o alumínio absorvido pelo tecido cutâneo, a Agência Francesa de Segurança Sanitária de Produtos de Saúde (AFSSAPS) havia solicitado uma nova avaliação dos riscos que o uso dessa substância em cosméticos representava para o consumidor. Algum tempo depois, em 2013, uma pesquisa desenvolvida pelo Comitê Científico Norueguês para a Segurança Alimentar concluiu que os cosméticos respondiam por uma porcentagem consideravelmente maior que os produtos alimentícios no grau de exposição do corpo humano ao alumínio. Esses diversos questionamentos conduziram a um primeiro parecer emitido pelo SCCS em 2014. Na época, o Comitê alegou não dispor de dados suficientes, em particular quanto à penetração do alumínio na pele.

O corpo não absorve o alumínio, mesmo após depilação com lâmina

O novo parecer complementa e atualiza o parecer emitido em 2014, levando em conta dados científicos recentes produzidos principalmente por três estudos, dois dos quais realizados em 2020. Segundo o Comitê, essas pesquisas recentes concluíram que o alumínio praticamente não é absorvido através da pele, mesmo imediatamente após depilação com lâmina, nem permanece armazenado no corpo.

Assim sendo, a exposição sistêmica ao alumínio resultante da aplicação diária de produtos cosméticos "não representa um acréscimo significativo" à carga sistêmica oriunda de outras fontes. O SCCS ressalta que a exposição ao alumínio não tem origem unicamente no uso de cosméticos, podendo ser proveniente de outras fontes, em particular o regime alimentar.

"Entre outras conclusões, esses resultados mais recentes mostram que o alumínio contido nos produtos antitranspirantes não é absorvido nem armazenado pelo tecido cutâneo. Para completar, as últimas avaliações e obras bibliográficas publicadas até 2017 por outros comitês científicos foram reexaminadas e confirmam que o alumínio dos produtos cosméticos não favorece, de forma alguma, o aparecimento de câncer de mama", comenta a Federação francesa de Empresas de Beleza (FEBEA) em um comunicado.

A margem de segurança calculada pelo SCCS, levando em conta as diversas vias de exposição (oral, cutânea, respiratória) mobilizadas no uso de produtos cosméticos, continua sendo superior a 2 mil. Isso significa que a quantidade de alumínio à qual o consumidor se expõe com o uso de cosméticos é pelo menos duas mil vezes menor que a dose identificada como o limite para garantir que não haja nenhum efeito tóxico. Vale notar que esse cálculo não leva em conta uma eventual exposição através da alimentação.

Para Anne Dux, diretora de Assuntos Científicos e Normativos da FEBEA, "esse estudo encerra mais de dez anos de polêmicas que geraram muita ansiedade para os usuários de antitranspirantes. O parecer que acaba de ser emitido pela Comissão Europeia após um processo extremamente rigoroso vai tranquilizar os consumidores desses produtos, mostrando que, além de eficazes, eles são totalmente seguros".