"A Victoria’s Secret precisa se reinventar para crescer. Por isso, decidimos repensar o tradicional Fashion Show da marca e criar um evento totalmente diferente no futuro". De 2001 a 2018, milhões de telespectadores prestigiaram o programa, que durante uma hora alternava apresentações na passarela e confidências das Angels nos bastidores. Mas, desde o ano passado, o brilho das tops parecia já não ser mais o mesmo. O desfile registrou o pior índice de audiência dos últimos cinco anos nos Estados Unidos, despencando de 5 milhões de pessoas no ano anterior para 3,3 milhões de espectadores.

Modelos posam durante o Victoria's Secret Fashion Show 2016 em 30 de...

Modelos posam durante o Victoria’s Secret Fashion Show 2016 em 30 de novembro de 2016 em Paris, França. (Foto Paris, França - 30 de novembro de 2016 © FashionStock.com)

Modelos plus size e transgêneros, é bom saber: a Victoria’s Secret não os representa. Mas qual é o problema? O problema é que, mais uma vez, a imagem de uma grande marca é manchada porque os dirigentes se recusam a enxergar o mundo lá fora. O marketing da Victoria’s Secret continua requentando os mesmos ingredientes de vinte anos atrás: sutiãs push-up, sensualidade exacerbada e mulheres divinas, impecavelmente retocadas com Photoshop.

Em dois anos, a Victoria’s Secret perdeu mais de 3,8 milhões de clientes e fechou mais de 80 lojas nos Estados Unidos, abrindo outras tantas em diversos países. Por exemplo, na França: depois de organizar, em 2016, o desfile das Angels sob as imensas vidraças do Grand Palais, a marca acaba de inaugurar sua primeira loja francesa no centro comercial Forum des Halles, em pleno coração de Paris.

No outro extremo, Rihanna, cantora com uma bem-sucedida carreira nos negócios, agitou a web com seus desfiles de lingerie Savage X Fenty, apresentados na Fashion Week de Nova York pelo segundo ano consecutivo. De acordo com os críticos, o espetáculo oferecido por Rihanna é tudo o que o desfile anual da Victoria’s Secret não é - inclusivo e diversificado, com modelos dos mais variados tamanhos, formas e origens étnicas.

Frente da loja Victoria's Secret no shopping Vaughan Mills, em Toronto. A...

Frente da loja Victoria’s Secret no shopping Vaughan Mills, em Toronto. A Victoria’s Secret é a maior varejista americana de lingerie feminina. (Foto: Toronto, Canadá - 19 de janeiro de 2018 © JHVEPhoto / shutterstock.com)

Ao distribuir e vender seus produtos pela Amazon, Rihanna consegue alcançar um imenso reservatório de clientes potenciais - só nos Estados Unidos são cerca de 100 milhões de membros Prime. Além disso, a marca é amplamente divulgada aos quatro cantos do planeta, tanto pela presença na Amazon como graças à venda dos produtos diretamente no site da marca.