A empresa de cosméticos Natura firmou uma parceria para a utilização do Google Cloud Platform. “Vimos Cloud como uma iniciativa estratégica, tanto em flexibilidade como redução de custos. Nossa meta é eliminar os datacenters próprio até 2020”, explica Felipe Moz, especialista de TI da Natura.
O uso da plataforma na nuvem surgiu como mais um componente de sustentabilidade em a trajetória da empresa. O mais recente projeto, iniciado em abril deste ano, é o que envolve os testes de ativos - substâncias utilizadas em seus produtos - em um ambiente virtual. Antes, estes testes eram feitos in vitro ou com seres vivos, mas a filosofia sustentável e a expansão da companhia falaram mais alto.
Na prática, o ambiente de Cloud realiza os testes a partir de algoritmos customizados pela própria Natura. No modelo é criada uma molécula virtual - a partir de uma substância/ativo real - em um ambiente no qual são simuladas as interações que ela pode passar, como variações de temperatura ou contato e absorção com a água.
Tecnicamente, o algoritmo roda no GKE (Google Kubernetes Engine), sistema de orquestração de containers open-source que automatiza a implementação, o dimensionamento e a gestão de aplicações nos repositórios de dados. Uma mudança radical. “Os testes em ‘bancada’ gastavam um tempo muito maior. Além disso, nossa metodologia atual investiga os componentes e as concentrações e reações sem usar a pele de uma pessoa ou de animais, simulando seu impacto”, continua Felipe Moz.
Os testes fomentam o ambiente de Bio-Lake - uma variação do Data Lake, um repositório de dados em seu formato natural com informações estruturadas e não estruturadas –, um “lago” de bioinformática alocado no Google Cloud Platform, no qual estão todas as métricas e dados das pesquisas e de negócios da Natura. Como o “bucket” do Bio-Lake é utilizado o GCS (Google Cloud Storage), e todo o upload de dados das amostras de componentes e essências para o repositório é feito diretamente das máquinas do laboratório. Um mix de IoT (Internet das Coisas) com gestão de dados.
Um experimento simples demonstra os ganhos em tempo e escala do projeto de testes, como a dinâmica feita a partir de uma mera caixa d´água. O que antes demorava 48 horas para seu processamento foi realizada em apenas 13 horas. Uma redução significativa quando são feitos de 200 a 300 processos como este simultâneos, algo possível pela escala computacional na nuvem.
Outro fator comemorado é o dos custos. Com apenas 10% do volume previsto para investimento no projeto de testes no ambiente virtual efetivamente utilizado, a Natura conseguiu canalizar os recursos para outros investimentos. “O resultado ficou muito abaixo da estimativa. Gastamos muito menos e conseguimos uma performance superior ao esperado. Com o custo menor por teste, acabamos realizando um volume ainda maior que o previsto”, contabiliza o especialista.
O próximo passo é expandir o conceito de “lago” de dados para outras áreas de negócios da Natura e mesmo para outros países. “Vamos fazer benchmark para as outras duas empresas do grupo. A tendência é que em meses o projeto se torne global. Elas vão utilizar o processo e a metodologia, e a solução de nuvem virá por osmose e baseada no que fizemos no Brasil”, projeta Moz.