A Nigéria decidiu impor uma proibição de seis meses à exportação de nozes de karité cruas — uma matéria-prima essencial para muitos produtos cosméticos — com o objetivo de tornar o país um dos principais atores na transformação do karité.
A Nigéria segue os passos de um número crescente de outros países da África Ocidental, incluindo Burkina Faso, Mali, Togo, Costa do Marfim e Gana, que proibiram ou restringiram a exportação dessa cultura nos últimos dois anos.
Anunciada pelo vice-presidente Kashim Shettima na terça-feira, 26 de junho, com efeito imediato, essa proibição é resultado de uma reunião multipartidária em Abuja.
“Não se trata de uma política anticomércio, mas sim de uma política em favor da criação de valor agregado”, afirmou Shettima. “Queremos que nossas fábricas funcionem a pleno vapor. Queremos que nossas mulheres ganhem melhor. E queremos que a Nigéria passe da exportação de nozes brutas para a venda de manteiga, óleo e outros produtos derivados em todo o mundo.”
Segundo o ministro da Agricultura, Abubakar Kyari, embora a Nigéria produza 40% das nozes de karité do mundo, ela capta apenas 1% dos US$ 6,5 bilhões do mercado mundial de produtos derivados.
Ele também destaca que os vizinhos da Nigéria já restringiram suas exportações de karité bruto, deixando a Nigéria exposta a compras não regulamentadas.
O governo pretende aproveitar os imensos recursos da Nigéria – mais de cinco milhões de hectares de karité selvagem – para dominar a oferta mundial de produtos derivados, como manteiga e estearina. Negociações estão em curso com o Brasil para obter acesso preferencial ao mercado para os produtos nigerianos à base de karité dentro de três meses.
As autoridades indicam que o embargo será reexaminado após seis meses, mas sua ambição é clara: multiplicar por dez as receitas da Nigéria neste setor até 2027.















