A marca Le Rouge Français, uma das pioneiras da área, oferece fórmulas à base de corantes fabricados com plantas tintoriais, como ruiva-dos-tintureiros (Rubia Tinctorum), ibirapitanga (ou pau-brasil-da-índia), flor de lótus e hibisco. Já a marca La Bouche Rouge utiliza pigmentos obtidos de algas, por exemplo o wakame (Undaria pinnatifida).

De fato, hoje já é possível criar fórmulas de maquiagem sustentáveis, com alta porcentagem de ingredientes naturais, em que cada componente objetiva amplificar a ação das moléculas de pigmentação e estabilizá-las.

Flores, raízes, folhas e tubérculos ricos em substâncias corantes

Muitos vegetais, alguns dos quais já são utilizados na indústria de cosméticos, contêm pigmentos muito interessantes para a formulação de produtos de maquiagem.

O cártamo (Carthamus tinctorius L.), também conhecido como açafroa, contém quinonas de cor vermelha/marrom, como alizarina, purpuroxantina, rubiadina, pseudopurpurina, bem como cartamina de cor rosa fúcsia e vermelho carmim. O pastel-de-tintureiro, ou ísatis (Isatis tinctoria L.), contém indicano - também presente nas folhas do indigueiro e precursor do pigmento azul indigotina. A romã (Punica granatum) contém taninos de cor amarela, cinza acastanhado, ocre e cáqui, entre outras tonalidades.

Estabilizar e intensificar os pigmentos

Existem vários métodos para estabilizar os pigmentos vegetais, protegendo-os contra a luz, o pH e o calor, e para intensificar as moléculas corantes. Um deles é o uso de CO2 supercrítico associado a substratos inertes – como argila, sílica, carbonato de cálcio – ou a açúcares, como maltodextrina.

Os corantes são incorporados a esses substratos e estabilizados graças a processos patenteados e altamente complexos. A cuidadosa dosagem de ingredientes que compõem as fórmulas tem um impacto decisivo no resultado.

Para intensificar a cor no processo de formulação, os laboratórios podem integrar óleos voláteis naturais, como alcanos de cadeia curta obtidos a partir de biomassa vegetal, associando-os a agentes filmogênicos naturais.
Mas existem outras possibilidades: o pululano hidrodispersível pode ser usado em fórmulas de rímel à base de água; o exsudato de Shorea Robusta (árvore-de-sal), substância lipodispersível, é usado, por exemplo, na fabricação de blush e de bases faciais em pó. Esses dois ingredientes, que garantem resistência e durabilidade às cores, têm um papel fundamental na formulação.

Portanto, muitas soluções técnicas estão disponíveis atualmente e podem ser adaptadas aos pigmentos selecionados. Assim, abrem-se novos horizontes de atuação para as empresas especializadas em maquiagem.