Desde 2014, tramita no Senado Federal um projeto de lei (70/2014) que proíba o uso de animais no desenvolvimento, experimento e testes de produtos de higiene pessoal, perfumes e cosméticos, além de seus componentes. Apesar de não termos uma regulamentação nacional, doze estados brasileiros e o Distrito Federal tomaram a dianteira e baniram os testes em animais dentro de seus territórios. É o caso de São Paulo, pioneiro ao tomar a decisão em 2014, Paraná (2015) e Rio de Janeiro (2017).

Além de proporcionar maior segurança jurídica para o setor de cosméticos, uma lei federal também poderia atender a uma crescente demanda do consumidor por produtos de beleza “cruelty free”. Enquanto ela não é aprovada e entra em vigor, parte da indústria brasileira segue testando em animais e outra, cada vez maior, busca outras alternativas para isso.

Métodos alternativos para testes

É para essa segunda parcela que a EPISKIN Brasil vem implementando soluções. Líder mundial em engenharia tecidual para métodos alternativos aos testes em animais, a empresa de biotecnologia pertencente ao Grupo L’Oréal foi inaugurada no Brasil em 2019, apresentando um modelo de pele humana reconstruída (RHE). “O principal impacto desta tecnologia, seja para a indústria ou para o consumidor final, é a garantia de produtos mais seguros e eficazes, sem a utilização de testes em animais”, afirma Rodrigo De Vecchi, CEO da EPISKIN Brasil e gerente de pesquisa e métodos alternativos na L´Oréal Brasil Pesquisa & Inovação.

Segundo o executivo “a pele humana é reconstruída a partir de queratinócitos – a principal célula presente nas camadas mais externas da pele –, que são isolados a partir de fragmentos de pele descartados em cirurgia plástica, doados com o consentimento livre e esclarecido do paciente, e então cultivados em meio quimicamente definido, sobre uma membrana de policarbonato”.

Córnea humana reconstruída

Recentemente, a EPISKIN Brasil passou a produzir no país seu modelo de córnea humana reconstruída (HCE). “Este método alternativo é feito a partir de células epiteliais da córnea, que crescem em camadas e formam tecido não-queratinizado. Ele é validado e recomendado por diretrizes internacionais para avaliar a irritação ocular, o que representa um grande avanço na avaliação de segurança pré-clínica de qualquer produto ou ingrediente que possa entrar em contato com os olhos”, explica De Vecchi.

Ele diz que juntas, pele e córnea reconstruídas formam um excelente kit de ferramentas para teste de cosméticos e artigos de outros segmentos, como farmacêuticos e químicos, além de uma inovação para pesquisa de novos ingredientes e produtos. “Graças a essa tecnologia, nós, na L’Oréal, não testamos em animais de 1989 e, através da sua comercialização, permitimos que outras indústrias também não precisem mais recorrer a esses testes para realizar suas avaliações de segurança”.

Pensando em uma provável aprovação da lei federal que proíba a utilização de animais em testes para produtos ou ingredientes cosméticos e uma consequente alta na procura pelas tecnologias desenvolvidas pela subsidiária EPISKIN BRASIL, o CEO afirma que a empresa está preparada para atender a demanda nacional por tecidos RHE e HCE. “A L’Oréal está fortemente comprometida em apoiar a implementação de métodos alternativos seguindo a evolução regulatória para a proibição de testes em animais e assim tornar os métodos alternativos uma realidade no Brasil”, finaliza De Vecchi.