Diversidade de modos de comunicação intercelular

As formas de comunicação entre as células são variadas e, não raro, complexas. Dois meios de comunicação principais polarizam o interesse da comunidade científica: o modo direto, por contato físico, e o modo indireto, mediante a troca de sinais químicos entre células secretoras e células receptoras. A comunicação por meio de exossomos vem sendo amplamente estudada, em particular em pesquisas sobre câncer e cicatrização. Jérôme Lamartine, do laboratório LBTI, abordou uma questão importante: o envelhecimento afeta a comunicação intercelular?

O Dr. Matthieu Talagas, do Centro Hospitalar Universitário (CHU) de Brest, vem se dedicando a estudar as trocas de natureza física que ocorrem nas sinapses neurocutâneas. "Entre os neurônios e cada tipo de célula epidérmica existem contatos físicos, que podem ocorrer na forma de excrecências, sulcos ou túneis queratinocíticos", afirma ele.

Durante sua palestra, o Dr. Kaori Inoue, do Shiseido Global Innovation Center no Japão, mostrou que as moléculas de ATP e o glutamato liberados durante um estímulo mecânico agem como mediadores entre os queratinócitos e os neurônios, contribuindo para manter a homeostase da pele.

Homeostase tissular

Para o Professor Miroslav Radman, diretor do Instituto Mediterrâneo de Ciências da Vida, sediado em Split, na Croácia, a homeostase tissular desempenha um papel determinante no envelhecimento. "Há um grande número de canais de comunicação nos tecidos. A parabiose celular gera uma homogeneização funcional entre as células, compensando os defeitos de uma célula graças às células vizinhas, sem eliminar a que apresenta funcionamento defeituoso."

Na presença de fenômenos inflamatórios, a comunicação entre as células é interrompida pela ativação de proteases extracelulares. Com isso, a parabiose se desfaz e, como consequência, as células isoladas podem revelar patologias latentes e acelerar a morte celular.

Modelos de estudo semelhantes à pele humana

Para analisar o diálogo intercelular, as empresas têm utilizado modelos de pele cada vez mais elaborados. As peles atópicas têm sido alvo de estudos específicos. "O modelo que criamos associa a comunicação característica de um estado inflamatório com um distúrbio físico da função de barreira cutânea", explica Pauline Rouaud-Tinguely, da Silab.

Outro exemplo é a LabSkin Creation, que desenvolveu um modelo 3D obtido a partir de células patológicas enriquecidas com células imunitárias. Para reproduzir a pele humana da melhor maneira possível, o Dr. Christophe Marquette, do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica) de Lyon, em colaboração com a LabSkin Creation, desenvolveu, por meio de bioimpressão 3D, um modelo completo de pele em três camadas, com hipoderme funcional. Essas iniciativas abrem perspectivas promissoras para compreender melhor o funcionamento da pele, bem como para aprimorar as técnicas de transplantes em vítimas de queimaduras graves.

Muitos outros temas enriqueceram os debates do congresso, como barreira cutânea e epiderme, microbiota, fibroblastos, adipócitos e células endoteliais.