Pesquisadores brasileiros e americanos confirmaram a crença popular de que o stress e a ansiedade causam cabelos brancos. Em estudo, realizado em camundongos, pesquisadores da Universidade Harvard nos Estados Unidos, e do Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (Crid) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), demonstra os mecanismos exatos desse intrigante fenômeno.

Além de indicar que o estresse realmente pode causar cabelos brancos, o estudo abre novos caminhos para pesquisas sobre como o estresse afeta o corpo. (Foto: © Manuel-F-O / IStock.com)

A ideia de que um evento emocionalmente traumático ou um período de estresse intenso pode causar cabelos brancos é generalizada. "Mas até agora, não havia evidências científicas qe compravassem essa associação", afirmam os autores do estudo publicado na revista cientifica Nature.

Para desvendar esse mistério, os autores do estudo realizaram experimentos com camundongos de laboratório. Os animais foram expostos a estressores distintos. Cada fator de estresse levou ao aparecimento de pelos brancos ou cinza nos camundongos.

Um neurotransmissor é o culpado

Os pesquisadores então voltaram seu foco para as células-tronco de melanócitos (produtoras de pigmentos) localizadas na base dos folículos capilares, o espaço a partir do qual o cabelo cresce. Essas células estão ligadas a neurônios do sistema nervoso simpático. Os neurônios liberam o neurotransmissor norepinefrina durante momentos de estresse ou medo. Uma vez ativado esse sistema, o neurotransmissor atua nas células-tronco dos melanócitos responsáveis pela cor dos cabelos.

Normalmente, essas células-tronco permanecem inativas até que um novo cabelo seja produzido. Uma vez esgotado o estoque de células-tronco de melanócitos, a criação de pigmento nos bulbos foliculares não é mais possível. Como resultado, os cabelos produzidos pelo folículo serão permanentemente brancos.

A fim de verificar suas hipóteses e tentar combater esses efeitos, os pesquisadores administraram um tratamento para pressão alta, a fim de bloquear a ação da norepinefrina, que impedia o aparecimento de cabelos brancos ou cinza nos ratos.

"Com este estudo, agora sabemos que os neurônios podem controlar as células-tronco e suas funções, além de explicar como eles interagem nos níveis celular e molecular para vincular o estresse ao envelhecimento dos cabelos. Ao entender com precisão como o estresse afeta as células-tronco que regeneram o pigmento, nós lançamos as bases para entender como o estresse afeta outros tecidos e órgãos do corpo", afirmaram os pesquisadores.