Há alguns anos, a indústria de cosméticos ingressou ativamente na luta contra o estresse provocado pelas ondas luminosas de computadores e smartphones que, como sabemos, podem perturbar os ciclos circadianos e constituir um fator de envelhecimento cutâneo. No entanto, raras eram as provas científicas que fundamentavam as diversas alegações. Mas uma série de publicações recentes vem aos poucos evidenciando os mecanismos envolvidos nesse processo, permitindo definir as melhores estratégias de proteção da pele contra os danos insidiosos provocados pelo uso de equipamentos eletrônicos.

Em artigo recentemente publicado no The Journal of Cosmetic Dermatology [1], uma equipe de cientistas do Centro de P&D da Amorepacific apresentou um método de avaliação clínica de sistemas que protegem a pele contra a luz azul. Segundo a empresa coreana, trata-se de uma experiência inédita.

A Amorepacific publicou recentemente os resultados de pesquisas sobre o impacto da luz azul sobre a pele (Foto: cortesia da Amorepacific)

A luz azul é uma porção do espectro de luz visível, com comprimento de onda entre 380 nm e 500 nm (nanômetros). "A luz azul tem o comprimento de onda mais curto e a intensidade mais forte entre todos os tipos de luz visível. Sabemos que a exposição prolongada a esse tipo de luz tem efeitos nocivos para a saúde, podendo gerar distúrbios do sono e de visão. Além disso, pode provocar problemas cutâneos, em particular pigmentação da pele e redução da elasticidade e da hidratação", explica a Amorepacific.

Entretanto, embora o impacto potencial da luz azul e seus mecanismos já fossem conhecidos há bastante tempo, antes das pesquisas da Amorepacific nenhum estudo clínico tinha sido capaz de medir concretamente o impacto sofrido pelo tecido cutâneo em razão da exposição diária à luz azul.

Medida do "grau de proteção"

Cho Hong-ri, pesquisador do departamento de estudos antipoluição do Centro de P&D da Amorepacific, desenvolveu um equipamento clínico emissor de luz azul que permitiu à empresa medir o efeito dessas ondas na pigmentação da pele e avaliar a capacidade que diversos materiais têm de proteger o tecido cutâneo. Com base na dose mínima de escurecimento persistente dos pigmentos (minimal persistent pigment darkening dose - MPPD), calculada a partir de avaliação visual e medição do índice de melanina, a Amorepacific desenvolveu linhas diretrizes relativas ao "nível de proteção contra a luz azul (PB)".

O aparelho da Amorepacific produz comprimentos de onda de tipo luz azul semelhantes aos da luz à qual habitualmente as pessoas estão expostas. Com um ajuste preciso da intensidade e duração da luz, o aparelho facilita a realização de avaliações clínicas, simulando uma média de exposição diária.

Filtro inorgânico à base de TiO2

Usando esse equipamento clínico, o Centro de P&D da Amorepacific demonstrou que, quando o comprimento de onda é de 456 nm, a exposição à luz azul provoca a pigmentação da pele. A partir dessa descoberta, a Amorepacific realizou testes com um filtro de proteção desenvolvido e lançado pela própria empresa, com o objetivo de verificar sua eficácia contra a pigmentação. A avaliação baseou-se principalmente na medida da variação dos índices de melanina. Com base na experiência, a empresa mostrou que um filtro inorgânico à base de dióxido de titânio (TiO2) é eficaz para evitar o estresse provocado no tecido cutâneo pela luz azul.

Futuramente, a Amorepacific pretende realizar novas pesquisas sobre os fatores ambientais e as possíveis alterações que eles provocam na pele.