Maurizio Pupo, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Ada Tina Italy

Uma pesquisa lançada pela Mintel em 2018 mostrou que 28% dos brasileiros já se interessavam por filtros solares que protegem a pele da luz visível azul, emitida por aparelhos eletrônicos. Com a chegada do coronavírus ao país, essa preocupação cresceu. “Neste tempo de isolamento social, ficamos menos expostos à luz solar direta, mas todos nós passamos a ter como interface de relacionamento profissional e social as telas de celulares e computadores”, afirma Luciana Andrade, coordenadora de marketing científico da Dermatus.

De acordo com a dermatologista Angélica Pimenta, o contato diário e excessivo com esses eletrônicos é prejudicial à saúde da pele. “Essas luzes podem contribuir para o envelhecimento precoce da pele por causa da radiação que é emitida”, diz a médica. Considerada a porção mais energética da luz visível, a luz azul pode também estar relacionada a diversas doenças dermatológicas, como melasma e até câncer de pele, segundo a especialista. “Nos atendimentos que tenho feito a pacientes com melasma, mais de 50% deles relataram aumento significativo das lesões e manchas da doença desde o início da pandemia”, ela revela.

Diretor de pesquisa e desenvolvimento da Ada Tina Italy, Maurizio Pupo explica que a luz azul penetra na pele, produzindo radicais livres, o que gera um processo de oxidação. “A oxidação estimula a produção de melanina, o que escurece e mancha a pele. Estudos mostram que uma pele fortemente irradiada com luz azul, sem a presença de nenhum outro tipo de luz, forma uma área de escurecimento que pode durar até 90 dias”, afirma.
Segundo ele, as radiações UVA e UVB emitidas pelo sol são milhares de vezes mais prejudiciais, mas “mesmo com uma carga menor de energia, a luz azul também consegue danificar a pele”.

Atenta a essa demanda da vida moderna, a indústria investe em cosméticos que preservam a pele da luz visível azul. A Dermatus lançou o Photoplus Multidefense, um sérum com filtro solar que hidrata a pele e a protege da luz azul. “O Brasil é um país onde temos sol em 90% do ano. Precisamos sempre reforçar a importância do uso de filtros solares, mesmo em ambientes fechados e dias nublados. E agora, mais do que nunca, temos que alertar a população da relação da luz azul digital sobre a saúde e beleza da pele”, comenta Andrade.

Pupo também defende um trabalho de conscientização no país. “As pessoas não vão por si só buscar uma proteção contra a luz azul. Elas vão atrás de soluções para os problemas que já estão instalados na pele. Informação e campanhas são importantes”, declara. Para ele, esse é um nicho que vai evoluir e a proteção para luz azul deve acabar sendo incorporada em qualquer filtro solar. “Hoje em dia, quando o consumidor compra um produto, ele quer uma proteção completa”, diz o diretor da Ada Tina Italy.

A marca de cosméticos tem em seu portfólio o Bisole BB Cream FPS 60, que além de combater os efeitos das radiações UVA, UVB e da luz azul, uniformiza o tom da pele e tem ação antioxidante. “A mulher europeia aceita aplicar um sérum para luz azul, em seguida uma vitamina C e finalizar com o hidratante. Já a brasileira quer que o filtro contenha vitamina C, antioxidantes, proteja contra todos os tipos de luz e ainda clareie a pele”, compara Pupo. “A indústria tem que ter essa disposição de atender o que o consumidor quer, então a tendência é que esse mercado cresça bastante”, completa o executivo.