O câncer é a principal causa de morte em todo o mundo. De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), em 2020 foram cerca de 19 milhões de casos, com 10 milhões de mortes. Apenas no Brasil, foram registrados mais de 600 mil novos casos no ano passado.

Principais armas no combate à doença, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia podem apresentar muitos efeitos colaterais. “O tratamento contra o câncer tem como objetivo eliminar as células que formam o tumor, mas nem sempre os medicamentos utilizados são capazes de diferenciar as células malignas das células normais, ou seja, atingem tanto as células cancerígenas quanto as sadias”, explica Elimar Gomes, dermatologista do Centro Oncológico da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

A pele é um dos órgãos mais afetados: 80% dos pacientes em tratamento oncológico sofrem sintomas como coceira, ardência, vermelhidão, ressecamento extremo, rachadura e erupção cutânea.Esses eventos costumam ser considerados inerentes ao tratamento, porém determinam um grande impacto negativo na qualidade de vida do paciente por desconforto ou por limitar atividades do dia a dia. Muitas vezes é necessário interromper ou diminuir as doses terapêuticas, o que pode prejudicar a eficácia do tratamento e até mesmo a sobrevida do paciente”, diz o médico.

Trinta por cento das pessoas suspendem o tratamento oncológico por causa de problemas na pele. O número vem de um estudo realizado pela La Roche-Posay. A empresa francesa de dermocosméticos passou mais de 10 anos trabalhando em colaboração com oncologistas e dermatologistas para compreender os efeitos colaterais dos tratamentos de câncer na pele e buscar soluções para esses problemas.

É preciso reparar e manter a barreira epidérmica íntegra. A hidratação da pele deve fazer parte da rotina para aliviar os sintomas, incluindo produtos de higiene que tenham baixo poder detergente. Além disso, a fotoproteção diária é importante porque a pele se torna mais sensível à radiação”, afirma Vivian Damalio, que atua como especialista médico-científico para a La Roche-Posay no Brasil.

A marca sugere um tratamento diário com quatro de seus produtos, o sabonete líquido Lipikar Surgras, o hidratante Lipikar Baume AP+M, o reparador Cicaplast Baume B5 e o filtro solar Anthelios XL FPS 70. Dos usuários oncológicos recorrentes da La Roche-Posay, 93% relataram melhora no conforto na pele, segundo o estudo divulgado. “É muito gratificante saber que somos capazes de impactar positivamente a vida de milhares de pessoas, levando cada vez mais essas informações a um número maior de pacientes e profissionais de saúde”, diz Damalio.

Outra empresa que se voltou a esse nicho foi a Remed. Focada em medicamentos para patologias complexas, a marca lançou há menos de dois anos a linha de higiene pessoal Nat Care. “Percebemos que os pacientes em tratamento oncológico tinham uma necessidade: produtos de higiene pessoal que não possuíam odor, em função das náuseas, e químicos fortes, como alumínio, parabenos e corantes artificiais, em razão da alta sensibilidade da pele”, conta a diretora de marketing Simone Koch.

O portfólio inicial, que incluía desodorante e sabonete sem perfume, foi ampliado recentemente, ganhando sabonetes e sprays aromatizadores de ambiente com aromas 100% naturais. “Buscamos trazer os conceitos da aromaterapia, com fragrâncias como cravo, laranja e lavanda, auxiliando na redução de enjoos e na regulação do apetite”, explica Koch. Ela diz que hidratante e sabonete líquidos devem entrar na linha em breve.

A médica dermatologista Fabiana Seidl explica que mesmo com o fim do tratamento, os sintomas podem se prolongar. “Alguns pacientes vão permanecer meses com a pele mais sensível, outros vão se recuperar mais rapidamente. Varia de acordo com a predisposição individual e também de acordo com o quimioterápico utilizado”.