A indústria de beleza de prestígio movimentou mais de 3 bilhões de reais no Brasil no ano passado, o que representou uma alta de 13%, em relação a 2022. “Em nível global, 2023 foi um ano extremamente positivo para o segmento de prestígio, com mercados consolidados, como o norte-americano e europeu, apresentando crescimento de dois dígitos, e o Brasil não foi uma exceção a esta regra”, afirma Ana Seccato, diretora comercial da Circana, empresa de data tech para análise do comportamento de consumo.

Ela aponta a forte performance da categoria de maquiagem como um dos impulsionadores desse resultado, já que sozinha foi responsável por 1/3 do faturamento total do mercado de luxo no Brasil (R$ 1 bilhão), apresentando crescimento de mais de 25%. “Historicamente, maquiagem sempre teve maior penetração no mercado brasileiro do que em outros países latino-americanos. A categoria, que está aquecida globalmente num efeito pós-pandemia, é regida por tendências similares em todos os países, impulsionados pelas redes sociais e a geração Z”.

Entre as tendências, Seccato destaca produtos de face color, como blushes, bronzers e iluminadores, especialmente nos formatos líquido, creme ou bastão, que proporcionam acabamento mais natural. Lábios também apresentaram resultados bastante positivos, principalmente itens com foco em hidratação como balm, gloss e lip oil, segundo ela.

Skincare de prestígio mostra grande potencial de desenvolvimento no Brasil

Skincare também cresceu acima da média, com alta de 16% e cerca de 270 milhões de reais arrecadados no período. “Mesmo tendo uma penetração menor, skincare mostra grande potencial de desenvolvimento localmente. Vemos crescimentos constantes da categoria de prestígio nos últimos anos e destaque para produtos de alto luxo (com custo médio de R$ 1400), que chegam a representar um pouco menos de 1/5 do total da categoria”, diz a executiva.

Já as fragrâncias cresceram menos do que a média do mercado de luxo, uma evolução de 7% em relação a 2022. “Entre os fatores que afetaram o mercado brasileiro está o impacto no canal departamental (responsável por aproximadamente 1/3 das vendas da categoria) devido à entrada de players digitais, como Shein e Shopee, que diminuiu o fluxo nas lojas físicas. Além disso, a retomada das viagens internacionais pode também ter refletido nas compras locais”, cita Seccato.

Fragrâncias de luxo movimentaram mais de R$ 2 bilhões em 2023

Ela fala que, apesar do crescimento menor, o segmento de fragrâncias foi o que teve maior importância no faturamento do nicho, movimentando mais de R$ 2 bilhões. “O preço médio elevado é um dos fatores que contribui para o peso da categoria e o mercado de alto luxo de fragrâncias (produtos com média de preço de R$ 1300) também vem se desenvolvendo no país”.

Mas, mesmo se a conta for em unidades, a importância da categoria segue alta no país, representando mais que 40% do mercado total. “A penetração de fragrâncias na América Latina é a maior entre as macrorregiões nas quais a Circana opera, que inclui os mercados norte-americano e europeu. Assim, o Brasil é uma opção atraente para as companhias globais, já que é o 2º maior mercado latino de fragrâncias, atrás apenas do México, e com a maior população na região”, explica a diretora comercial.

Para ela, a indústria de beleza de prestígio deve continuar em alta no Brasil em 2024. “O mercado deve seguir em linha com o que vimos em 2023, com crescimento de dois dígitos, influenciado pelas tendências globais, entrada de novas marcas, calendário comercial ativo (Semana do Consumidor, Black Friday, Dia das Mães/Pais/Namorados) e marcado por uma alta atividade no canal online. O Brasil é o 4º país com a maior penetração do canal para a indústria de beleza seletiva”, finaliza Seccato.