A principal fonte de emissão de dióxido de carbono no processo de produção de vidro está no consumo de energia necessária à fusão das matérias-primas. Embora existam fornos 100% elétricos, atualmente esse tipo de equipamento ainda é raro. Além disso, para serem considerados de carbono neutro, os fornos devem ser movidos por uma fonte de energia elétrica inteiramente renovável.

Sem emissão de dióxido de carbono

Para vencer esse desafio, a Steklarna Hrastnik usou, como combustível sustentável, um tipo de hidrogênio denominado "verde" para fundir o vidro e obter um primeiro lote de "frascos descarbonizados".

Nem todo mundo sabe, mas o hidrogênio pode ser produzido de várias maneiras. Uma delas consiste em separar o oxigênio e o hidrogênio das moléculas de água, usando corrente elétrica. Para ser verdadeiramente sustentável e considerado carbono neutro, esse processo, chamado eletrólise, deve utilizar eletricidade proveniente de uma fonte de energia renovável. O hidrogênio assim produzido é chamado "verde".

Para a produção de seu primeiro lote de frascos descarbonizados, a Hrastnik1860 usou hidrogênio verde obtido por eletrólise, graças a painéis fotovoltaicos. A principal matéria-prima era constituída de cacos (cullet) provenientes de vidro reciclado fora da empresa. "Como combustível, foram usados hidrogênio e oxigênio. Durante o processo de fabricação do vidro, a única emissão produzida foi vapor de água, em vez de dióxido de carbono", explica a empresa num comunicado.

Produção em escala industrial?

Naturalmente, o custo desse tipo de processo pode assustar mais de um: a fabricação do hidrogênio verde é relativamente cara em comparação com o processo que usa gás natural, por exemplo. No entanto, a Steklarna Hrastnik se propõe a investir nos equipamentos necessários à produção industrial para apoiar as marcas que estiverem dispostas a fazer um esforço e dar esse grande salto em favor da sustentabilidade e da descarbonização.

"Atualmente, a empresa tem capacidade para fundir 200 quilos de vidro descarbonizado e 100% PCR", explica Klemen Resman, Sales & Marketing Director da Hrastnik1860.

No teste de produção em escala industrial que será realizado em meados de 2022, a empresa utilizará hidrogênio fabricado por terceiros. Mas, "futuramente, o objetivo é produzirmos nosso próprio hidrogênio verde como combustível para a fusão industrial do vidro", continua Klemen Resman. A Steklarna Hrastnik acredita que, dentro de dois a três anos, conseguirá produzir seu próprio hidrogênio.

"Queremos estar entre os pioneiros do desenvolvimento sustentável na indústria de vidros", afirma o Diretor Comercial.

De fato, depois de anos trabalhando para reduzir as emissões de gás carbônico, precisamos agora de tecnologias revolucionárias para cumprir, até 2050, o objetivo de neutralidade de carbono fixado pela regulamentação europeia.

A Hrastnik1860 prevê reduzir sua pegada de carbono em mais de 25% até 2025. Para tanto, pretende substituir um terço do consumo de combustíveis fósseis por energia verde e aumentar em 10% sua eficiência energética.

No longo prazo, a empresa definiu como meta reduzir a pegada de carbono em mais de 40% até 2030 e cumprir o objetivo de neutralidade de carbono até 2050.