Compostos químicos tóxicos usados em produtos de cuidado com as unhas se tornaram conhecidos por seus efeitos nocivos à saúde, mas o aumento da conscientização dos consumidores sobre os potenciais problemas associados a esses ingredientes levou os fabricantes a criar maneiras de adaptar suas fórmulas.

Alexandre Miasnik, gerente geral da Fiabila

Alexandre Miasnik, gerente geral da Fiabila

Os primeiros questionamentos sobre o chamado "trio tóxico" de substâncias químicas – formaldeído, dibutilftalato (DBP) e tolueno – foram levantados há mais de uma década, levando marcas como OPI e Essie a removê-las de seus produtos. No universo dos esmaltes não-tóxicos, o chamado 3-free aparecia no topo da lista de segurança. Atualmente, os produtos são rotulados como 5-free, 7-free, 9-free e algumas marcas afirmam ter removido até 12 compostos químicos nocivos à saúde de suas fórmulas. O esmalte vegano também foi resultado desse movimento por produtos mais naturais, ecologicamente corretos e não testados em animais.

A fabricante francesa de esmaltes Fiabila, que inaugurou recentemente sua primeira fábrica no Brasil, alega ter retirado compostos químicos agressivos de suas fórmulas há vinte anos, além de ter todas as suas unidades fabris livres de contaminação. “Análises feitas em nosso laboratório interno com produtos que alegam ser livres de substâncias tóxicas mostraram que elas ainda estão presentes devido à contaminação das fábricas onde são produzidos”, afirma Alexandre Miasnik, gerente geral da Fiabila.

Segundo ele, a demanda por fórmulas livres de substâncias químicas sintéticas ainda é limitada, mas um número crescente de empresas está procurando por matérias-primas de origem biológica, ou seja, compostos sintéticos derivados de fontes verdes e renováveis. “A Fiabila vem oferecendo esses ingredientes há vários anos e somos capazes de formular produtos com até 85% de ingredientes de origem biológica, que apresentam o mesmo desempenho de produtos convencionais”, diz Miasnik. “A única desvantagem desses ingredientes é que seu preço ainda é significativamente mais alto, o que tende a diminuir a participação do mercado de produtos verdes no Brasil, pelo menos por enquanto”.

Por outro lado, Miasnik afirma que os consumidores brasileiros, muitos deles alérgicos a determinadas substâncias químicas, vêm mudando sua percepção sobre a segurança dos cosméticos e exigindo da indústria o acesso a produtos seguros, sem pagar mais por eles. “Uma parcela significativa do mercado é dominada por grandes marcas, que precisam fazer adaptações em seus produtos. No cenário atual, tanto elas quanto as empresas menores têm acesso a fornecedores confiáveis”, diz ele.

Conhecida por seus cosméticos naturais e orgânicos, a Surya Brasil lançou sua linha de esmaltes 7-free, Exotic Animals, em 2015. Hoje ela é composta por 20 cores diferentes, além de base, extra-brilho, óleo secante e removedor de esmaltes com certificação orgânica. Todos os esmaltes são cruelty-free e livres de sete substâncias químicas nocivas à saúde encontradas com frequência em produtos convencionais.

Os dados mais recentes da ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) mostram que o Brasil é o segundo maior mercado global de produtos de cuidados com as unhas, ficando atrás apenas dos EUA. O departamento de marketing da Surya Brasil destaca a competitividade da indústria brasileira de esmaltes, com mais de 20 marcas operando no país. A empresa afirma que muitas delas estão comprometidas a oferecer aos consumidores produtos seguros e livres de toxinas, impulsionando as vendas da categoria.

A Surya Brasil garante que seus produtos são livres de cânfora e DBP, ambos compostos usados como plastificantes em fórmulas de esmaltes, além de solventes agressivos que podem causar irritação na pele, olhos e pulmões, incluindo tolueno e formaldeído. A empresa afirma ainda que as substituições desses ingredientes não comprometem o desempenho do produto.

Miasnik confirma que algumas das substâncias químicas que foram removidas das formulações estavam trazendo resultados positivos do ponto de vista cosmético e que substituí-los foi, inicialmente, um desafio. “No entanto, isso deixou de ser um problema quando passamos a obter soluções ainda melhores com as novas tecnologias, a exemplo de fórmulas naturais que reagem sob exposição a raios UV”, conclui.