Empenhada em reduzir a pegada de carbono de suas matérias-primas, a Symrise desenvolveu a SymTrap, técnica que consiste em captar moléculas odoríferas contidas em soluções aquosas, como águas de enxágue e caldos residuais resultantes de processos de extração, destilação ou liofilização de plantas e frutas. A técnica possibilita a obtenção de uma resina que posteriormente é lavada com álcool, transformando-se em um "SymTrap", ou seja, um novo ingrediente que se diferencia de um óleo essencial, um absoluto ou uma molécula sintética por ter um impacto ambiental menor. Resultado da revalorização de subprodutos com base em uma técnica que não requer nem calor nem o uso de substâncias químicas, os ingredientes SymTrap apresentam uma pegada de carbono particularmente baixa.

Ampliando as fronteiras da inovação

A primeira vez que a Symrise testou esse método patenteado foi em 2008, no Equador: na época, o fabricante de fragrâncias coletou resíduos de produção de suco de maracujá para produzir o SymTrap dessa fruta. O resultado foi uma matéria natural, suculenta e autêntica. Até então, as notas frutadas só estavam disponíveis na forma sintética, com exceção do broto de cassis.

Maracujá foi um dos primeiros SymTrap desenvolvidos pela Symrise

A tecnologia SymTrap permite também revelar e sublimar novas facetas de ingredientes clássicos. Um bom exemplo é o cravo-da-índia, que ganhou notas defumadas - quase turfadas, na verdade - ou ainda o cacau, que oferece imprevisíveis nuances carnais e animálicas. Essas duas matérias, originárias do Brasil, foram apresentadas no WPC 2018 (Congresso Mundial de Perfumaria).

Rumo a novos horizontes olfativos

Para além do aspecto ecológico, a tecnologia SymTrap abre caminho para ingredientes revolucionários. A título de exemplo, a Symrise testou esse método com resíduos de alimentos para bebês da marca Diana. A partir desse material residual, a empresa criou SymTrap de cebola, de alcachofra, de alho, de aspargo e de couve-flor - novidades que os perfumistas da Symrise começaram a explorar muito recentemente.

"A alcachofra apresenta facetas semelhantes às notas verdes da Rosa Centifolia, o que permite ressaltar a presença desse ingrediente em uma composição", explica Suzy Le Helley, perfumista de Fragrâncias Finas da Symrise. Quanto à cebola, embora possa parecer estranho encontrá-la na lista de ingredientes de um perfume, ela revela notas sulfurosas comparáveis às das frutas exóticas. Idem no caso do alho-poró: suas nuances verdes e leitosas lembram o pândano, fruta originária da Ásia. "Do ponto de vista da criatividade, esses ingredientes oferecem perspectivas interessantes", continua Suzy Le Helley. "Aos poucos, estamos descobrindo essas novas matérias vegetais e sustentáveis. Podemos supor que, com o tempo, esse método possa ser aplicado a outros materiais inéditos. Isso é o que se pode chamar de progresso tecnológico!", ressalta ela.

Portanto, além de apresentar baixa pegada de carbono, a tecnologia SymTrap amplia os horizontes do perfumista, conferindo um toque de audácia à sua paleta. Quem sabe, em breve, vejamos surgir notas aromáticas inéditas, abrindo novas fronteiras para o universo dos perfumes? Resta saber como os perfumistas pretendem usar esses recursos revolucionários.