Cristiane Vilar

Cristiane Vilar

Um trabalho que requer dedicação e tempo, mas que já começa a dar frutos. Lançado em 2012, o projeto de Cristiane Vilar – colocar a alta perfumaria ao alcance dos consumidores brasileiros – deu um primeiro passo em junho de 2015, com a inauguração de uma loja / showroom no distrito federal. "A loja de Brasília é muito mais que um simples ponto comercial", explica Cristiane Vilar, fundadora e diretora da Cosmopolitan do Brasil. "Ela oferece um espaço para aprendizados e descobertas, onde organizamos ateliês para os distribuidores que vêm conhecer o universo de marcas e produtos com os quais trabalhamos".

É interessante notar que, embora o público brasileiro seja um dos maiores consumidores de fragrâncias, os perfumes de nicho eram praticamente desconhecidos no mercado brasileiro antes do aparecimento da Cosmopolitan. "Foi necessário começar por um amplo trabalho de comunicação, educação e explicação", ressalta Cristiane Vilar. "Mas não demoramos a perceber que havia um real interesse. Tivemos uma boa repercussão na imprensa e muitos distribuidores nos procuraram. Como em qualquer lugar do mundo, os revendedores estão sempre em busca de novidades".

A transformação da rede de distribuição de perfumes e cosméticos no Brasil também foi positiva para a Cosmopolitan. A chegada da Sephora ao mercado brasileiro em 2012 e a criação, pelo Grupo O Boticário, da rede de lojas multimarcas The Beauty Box mudaram o panorama da venda de cosméticos no país e os hábitos de compra dos consumidores. "Em todas as metrópoles brasileiras existem pequenas redes de distribuição seletiva, que buscam se diferenciar da Sephora e da Beauty Box, bem como do circuito de vendas pela internet, que muitas vezes é abastecido por o mercado informal", explica Cristiane Vilar. A empresa já identificou cerca de 500 perfumarias com potencial para distribuir esse tipo de produto. O próximo passo é efetuar uma seleção com base na qualidade das lojas.

"Fomos muito bem acolhidos pelos proprietários. Existe uma real curiosidade em relação aos produtos que oferecemos, mas esses profissionais não conhecem nada ou quase nada sobre perfumes de nicho. Por isso, tivemos que fazer um amplo trabalho de informação". No Brasil, como em outros países, uma das chaves do sucesso é o storytelling.

Além da loja e showroom de Brasília e da loja virtual, a Cosmopolitan atende atualmente uma dezena de clientes em todo o Brasil. "Acredito muito no potencial do Nordeste, que consome três vezes mais perfume per capita que o sul do país. O problema é que eles estão muito acostumados às fragrâncias cítricas leves", explica Cristiane Vilar.

No entanto, segundo a fundadora da Cosmopolitan, os consumidores são muito receptivos às novidades. "Eles gostam de surpresas, apreciam a originalidade e sabem fazer a diferença entre um perfume exclusivo e excepcional, para ser usado em ocasiões especiais, e um perfume para usar no dia a dia". São consumidores dispostos a pagar pela originalidade de uma fragrância, mas até um certo limite. "A partir de 250 euros, fica mais difícil".

Embora seja um mercado promissor, não podemos perder de vista que o Brasil tem seus limites e suas dificuldades. Além do trabalho de educação do consumidor, as formalidades e os custos para registrar os produtos, as taxas alfandegárias e outros impostos acabam estendendo os prazos e aumentando consideravelmente os encargos. Para Cristiane Vilar, a nacionalização dos produtos acaba onerando em 30% a 40% o preço de venda final. "Os resultados em termos de venda podem demorar a aparecer, por isso só selecionamos marcas que dispõem de um alicerce financeiro sólido".

Pelo menos por enquanto, a Cosmopolitan do Brasil optou por trabalhar apenas com marcas francesas, oferecendo uma viagem olfativa entre os perfumes provençais (Au Pays de la Fleur d’Oranger, Molinard) e os perfumes parisienses tradicionais e contemporâneos (Frapin, E. Coudray, Téo Cabanel, Institut Très Bien, Berdoues Grands Crus, etc.). Uma aventura que vale a pena acompanhar!