Vivienne Rudd, diretora de Insights Globais & Inovação, Beleza &...

Vivienne Rudd, diretora de Insights Globais & Inovação, Beleza & Cuidados Pessoais da Mintel

Os efeitos da poluição nos cabelos vêm despertando preocupação nas brasileiras – e criando novas oportunidades para a indústria da beleza. Segundo a diretora de Insights Globais & Inovação, Beleza & Cuidados Pessoais da Mintel, Vivienne Rudd, 37% das consumidoras brasileiras acreditam que a poluição provoca um grande impacto na aparência dos cabelos.

Há potencial para expandir significativamente o número de produtos que prometem desobstruir poluentes, formar um escudo protetor contra exposições futuras e reparar danos residuais”, explica Rudd sobre o cenário brasileiro. “As brasileiras são conhecidas por sua obsessão com os cabelos, fazendo com que este segmento seja o segundo maior na categoria de beleza, perdendo apenas para as fragrâncias”.

Um relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) de 2016 apontou que 92% da população global é afetada pelo excesso de poluição do ar. Além do impacto no sistema respiratório, a poluição também está ligada a vários problemas de pele, como envelhecimento prematuro, manchas de pigmentação e aumento da sensibilidade, destaca a consultoria londrina Organic Monitor.

Apesar de os efeitos da poluição serem uma dor de cabeça mundial, os produtos de beleza antipoluição somam apenas 1% dos lançamentos globais, segundo a Mintel. Porém, o número de novos ingredientes previstos para chegar ao mercado com este apelo indica que a expansão dos antipoluidores seja apenas uma questão de tempo. “Há também espaço para mais conscientização sobre o problema, por meio de campanhas publicitárias que mostrem os efeitos da poluição na pele e nos cabelos”, afirma Rudd.

Segundo a Organic Monitor, a paleta de ingredientes naturais para produtos antipoluição de cuidados com a pele está crescendo. Chá verde, alcachofras, açaí e moringa possuem ação antioxidante e podem proteger as células da pele. Já o carvão é um dos ingredientes que vêm despontando como solução antipoluição para os cabelos. “Ele limpa toxinas, acrescenta volume e trata problemas do couro cabeludo”, explica Rudd.

De acordo com a analista, as marcas podem posicionar o ingrediente como uma forma de livrar os cabelos dos poluentes, desintoxicar os fios e o couro cabeludo, aumentando assim o interesse pelo atributo antipoluição. O carvão pode ser usado em xampus para remover os resíduos da poluição dos cabelos e também em condicionadores leave-in e modeladores para formar uma barreira protetora.

Flávia Zanella, gerente de marketing de skin care e sun care da BASF para a...

Flávia Zanella, gerente de marketing de skin care e sun care da BASF para a América do Sul - Foto: João Athaíde

A multinacional alemã BASF aposta no extrato das sementes de moringa oleífera, rico em proteínas de caráter catiônico, para seu ingrediente Puricare. “Ele têm alta afinidade com os cabelos e forma uma película protetora ao redor dos fios, o que diminui significativamente a adesão de partículas de poluição, como a fuligem, protegendo-os da ação dos poluentes e seus efeitos”, descreve Flávia Zanella, gerente de marketing de skin care e sun care da BASF para a América do Sul.

Ela afirma que o Puricare não apenas protege contra a poluição, mas também diminui a adesão de odores e outras impurezas aos fios, deixando a sensação de cabelos limpos por mais tempo. O ativo pode ser usado em shampoos, condicionadores e produtos leave-on e a tecnologia já está disponível no mercado brasileiro.

Rudd afirma que a poluição vai gradualmente se unir aos raios ultravioleta na mentalidade dos consumidores como agressores do meio-ambiente. “As marcas vão ter de considerar os apelos antipoluição como um elemento padrão em seus produtos de cuidados com a pele e com os cabelos”. A analista diz que a ciência já está desenvolvendo soluções neste sentido e destaca uma afirmação do pesquisador Jean Krutmann, diretor do Instituto de Pesquisa pela Medicina Ambiental Leibniz: “Os raios UV realmente eram o tópico ao se pensar em proteção da pele nos últimos 20 a 30 anos. Agora a poluição do ar tem o potencial de nos manter ocupados nas próximas décadas."