Até pouco tempo atrás, os riscos potenciais das tatuagens só tinham sido estudados por meio de análises químicas realizadas in vitro com as tintas. Foto: © Marco_Piunti / IStock.com

Os pesquisadores responsáveis pelo estudo – que atuam nas instalações do Synchrotron Européen de Grenoble (ESRF), no Instituto Federal Alemão para a Avaliação de Riscos (Berlim), na Universidade Ludwig-Maximilians (Munique) e no Physikalisch-Technische Bundesanstalt (Brunswick) – identificaram, nos gânglios linfáticos de indivíduos tatuados, a presença de dióxido de titânio, substância frequentemente usada em tintas para tatuagem.

"Isso pode provocar um inchaço crônico e deixar o organismo permanentemente vulnerável", ressalta um resumo do estudo divulgado pelo ESRF. O documento explica que "a cicatrização mais lenta, o inchaço localizado e a coceira, muitas vezes presentes após a realização de uma tatuagem, são alguns dos efeitos indesejados decorrentes de tatuagens com tinta branca, que contém dióxido de titânio".

O pigmento branco, usado como base para algumas nuances de cores, também está presente em aditivos alimentares, protetores solares e tintas industriais.

As tintas injetadas na pele pelo tatuador geralmente contêm pigmentos orgânicos – mas, junto com esses pigmentos, são também injetados conservantes e substâncias tóxicas como níquel, cromo, manganês e cobalto.

"Quando alguém se informa para fazer uma tatuagem, em geral se preocupa em escolher um bom estúdio, com profissionais que respeitem as normas sanitárias e utilizem agulhas estéreis e descartáveis", constata Hiram Castillo, do ESRF. "Porém, as pessoas nunca se preocupam em saber qual é a composição química das cores utilizadas. Nosso estudo mostra que vale a pena correr atrás dessa informação."

Até pouco tempo atrás, os riscos potenciais das tatuagens só tinham sido estudados por meio de análises químicas realizadas in vitro com as tintas. Embora a coloração dos gânglios linfáticos já tivesse sido observada empiricamente, "o que ainda não tínhamos descoberto é que os pigmentos se deslocam dentro do corpo na forma de nanopartículas (...) – e é aí que mora o perigo: não sabemos, atualmente, como as nanopartículas reagem", explica Bernhard Hesse, pesquisador do ESRF e principal autor do estudo.

Para obter a prova ex-vivo de que os pigmentos e elementos tóxicos se deslocam no corpo, a equipe de pesquisadores utilizou os raios X ultrapossantes de duas linhas de luz do síncroton.

A experiência revelou que as partículas provenientes de tatuagens podiam ser transportadas passivamente pelo sangue e pelos fluidos linfáticos, ou ativamente pelas células imunitárias que fagocitam essas partículas. O ponto final dessa viagem são os gânglios linfáticos.

A próxima etapa da pesquisa consiste em analisar outras amostras de pacientes tatuados que apresentem os sintomas identificados e, eventualmente, estabelecer uma relação entre esses sintomas e as propriedades dos pigmentos usados nas tatuagens.