O estudo, denominado Plastic in Cosmetics - Are We Polluting the Environment Through our Personal Care? Plastic ingredients that contribute to marine microplastic litter (disponível aqui), é uma compilação dos conhecimentos atualmente disponíveis sobre a incidência dos plásticos presentes em cosméticos na poluição das águas marítimas.

Foto: © Violanda / shutterstock.com

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Segundo o relatório do PNUMA, mais de 299 milhões de toneladas de plástico foram produzidas no mundo em 2013. O problema é que parte dessa produção foi parar nos oceanos.

Ao longo dos últimos 50 anos, as micropartículas de plástico, ou microplásticos, têm sido usados em um grande número de formulações cosméticas, dentifrícios, esmaltes para unhas, sabonetes líquidos e sombras para os olhos. Uma pesquisa realizada pela Cosmetics Europe revela que, ao todo, 4.360 toneladas de esferas de plástico foram utilizadas em 2012 nos países da União Europeia, na Noruega e na Suíça. As microesferas de polietileno representam 93% desse total, ou seja, 4.037 toneladas.

Ao serem eliminadas no esgoto, essas partículas não podem ser filtradas nem recicladas e, como não se decompõem nas instalações de tratamento de águas residuais, vão parar, inevitavelmente, nos oceanos. Uma vez em águas marinhas, o plástico não desaparece, apenas se fragmenta, transformando-se em finas partículas chamadas pellets.

Proibição à vista

"Estamos começando a conhecer os efeitos dessas partículas nos organismos marinhos, em particular em mamíferos, assim como os efeitos secundários potenciais para a saúde originados pela cadeia alimentar, inclusive a saúde dos seres humanos que consomem produtos do mar", explica um representante do PNUMA. A entidade estima que o custo dos danos ambientais causados ao ecossistema marinho seja de aproximadamente 13 bilhões de dólares por ano.

Considerando os riscos potenciais originados pelo uso de microplásticos, o relatório faz uma série de recomendações destinadas a fabricantes e consumidores, bem como a cientistas e autoridades políticas. Em especial, a entidade propõe a eliminação voluntária desse tipo de material pelo setor industrial e a proibição definitiva nos produtos cosméticos.

A votação de leis que proíbam o uso de microplásticos ou contemplem sua retirada progressiva da formulação de produtos cosméticos já teve início e o debate promete continuar: o estado americano de Illinois foi o primeiro a aprovar a proibição de microplásticos em cosméticos a partir de 2019; Califórnia e Nova York preveem a adoção de medidas similares; a Comissão Europeia colocou a poluição marinha por microplásticos na linha de frente de suas prioridades; Holanda, Áustria, Luxemburgo, Bélgica e Suécia publicaram um apelo conjunto em favor da proibição de microplásticos usados em produtos cosméticos.