Não se sabe ao certo o motivo que tem levado os diagnósticos de alergias a crescerem em todo o mundo. Segundo o Dr. Octavio Grecco, que atua no Departamento Científico de Dermatite Atópica da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), uma das hipóteses é a chamada ‘teoria da higiene’. “Atualmente, as pessoas ficam mais tempo dentro de casa e trabalham em espaços fechados, afastando-se de locais onde existe mais chance de adquirir infecções. Com o número menor de infecções, poderia ocorrer um desequilíbrio no sistema imunológico, facilitando a formação de alergias”, afirma ele. A diminuição do aleitamento materno também pode ter um papel fundamental nessa equação.

Sara Lazaretti, fundadora e socia da Alergoshop

Sara Lazaretti, fundadora e socia da Alergoshop

Dados da OMS indicam que cerca de 30% da população mundial possui algum tipo de alergia – número que deve chegar a 50% em 2050. A ASBAI afirma que reações alérgicas a cosméticos estão entre as mais comuns. “A pele é o órgão mais propenso a alergias, tanto pela sua extensão e estrutura quanto pelo seu sistema imunológico específico”, diz o Dr. Grecco.

Para atender não apenas às necessidades dessa parcela da população, mas especialmente da própria filha, que sofria com alergias e não dispunha de produtos adequados no Brasil, a enfermeira Sarah Lazaretti fundou, em 1993, a Alergoshop, primeira empresa especializada em hipoalergênicos no país. “Entramos em um nicho de mercado até então inexplorado e a aceitação por parte do público foi ótima. Os alérgicos e seus familiares se sentiram acolhidos”, conta Lazaretti.

No início, a Alergoshop trabalhava apenas com artigos importados, como cosméticos e capas para colchão e travesseiro antiácaros. Um ano após sua inauguração, a empresa começou a desenvolver sua primeira linha própria, a Uso Diário, com cosméticos hipoalergênicos, livres de parabenos, corantes e fragrâncias. “A importação, principalmente de cosméticos, é bastante complicada. São muitas exigências e impostos altíssimos. Além disso, a burocracia é muito grande. Tudo isso dificultava a manutenção dos estoques e o custo dos produtos”, afirma Julinha Lazaretti, irmã e sócia de Sarah.

Atualmente, a empresa conta com mais de 50 itens de fabricação própria em 10 linhas diferentes – que vão de maquiagens e preservativos até produtos para a limpeza da casa e purificadores de ar –, respondendo por 70% do faturamento da marca.

Atuando com lojas próprias e distribuição no varejo, a Alergoshop resolveu apostar no ramo de franquias em 2012. “Logo que abrimos, recebemos muitos pedidos de franquias, mas não tínhamos a estrutura necessária. Percebemos que as lojas que levavam nosso nome vendiam mais do que as que trabalhavam com revendas multimarca, como drogarias e lojas de produtos naturais”, revela Julinha. “Vimos a necessidade de formatar o sistema de franquias e criamos uma rede que favorece a divulgação da marca e o ganho em escala na produção”.

Até o momento, foram abertas 12 franquias da Alergoshop no país. O modelo de negócio representa 6% de sua receita atual, seguido pelo e-commerce (9%), as quatro lojas próprias (25%) e o varejo na ponta (60%). A rede obteve um crescimento de 25% em 2015 e 15% no primeiro semestre de 2016.

Um projeto de lei proposto pelo Senado à Comissão de Meio Ambiente no ano passado obriga fabricantes de cosméticos, medicamentos e correlatos a alertarem nos rótulos e bulas desses produtos sobre a presença de substâncias com o potencial de desencadear reações alérgicas. Ainda em tramitação, a emenda à lei de 1976, pode trazer mais segurança aos alérgicos.

É necessário haver a discriminação exata dos componentes de cada cosmético em seu rótulo para proteger a saúde da pessoa alérgica”, diz o Dr. Grecco. “Poder evitar o consumo de substâncias causadoras de alergias é, sem dúvida, um direito do consumidor”, completa Julinha Lazaretti.