Aïna Queiroz, ID bio

Aïna Queiroz, ID bio

Brazil Beauty News - Na última edição do salão in-cosmetics, todos ficaram muito impressionados com a proposta que a senhora fez às marcas de focar nos efeitos do exposoma. Poderia nos explicar o que significa esse termo?

Aïna Queiroz - Ficamos realmente muito satisfeitos com a receptividade ao nosso mais recente lançamento, que foi desenvolvido com base na noção de exposoma. Esse termo engloba todos os fatores aos quais nós, como indivíduos, estamos expostos desde a fase intrauterina – ou seja, antes mesmo de deixar o ventre da mãe – até o último dia de vida. O termo "exposoma" foi sugerido pela primeira vez em 2005 pelo Dr. Christopher Wild, atual diretor do Centro Internacional de Pesquisa sobre o Câncer. Dez anos mais tarde, em 2015, foi mencionado no texto da lei relativa à política de saúde pública na França, chamada Lei Touraine, no âmbito do estudo e tratamento de problemas causados por fatores ambientais.

Se reconsiderarmos a problemática do ponto de vista da dermocosmética, o estudo do exposoma está apenas engatinhando. Mas as primeiras análises e publicações científicas já começaram a aparecer, abrindo caminho para compreender melhor, por exemplo, a relação entre exposoma e envelhecimento cutâneo. Com isso, surgem novas perspectivas fascinantes para a indústria de cosméticos em termos de inovação, tanto na área de produtos prontos como na de ingredientes ativos.

Brazil Beauty News - Trata-se, então, de uma extensão da oferta de produtos destinados a combater os efeitos da poluição urbana?

Aïna Queiroz - É muito mais que isso. Nossa visão é mais abrangente, pois o exposoma cobre uma realidade bem mais ampla do que a poluição urbana. A título de exemplo, fazem parte do exposoma fatores como o estresse, a microflora, o clima, a alimentação, o tabagismo, o consumo de álcool, a educação, os raios UV, a luz azul dos computadores e uma infinidade de outros parâmetros.

No âmbito do desenvolvimento de princípios ativos programado pela ID bio para combater os efeitos do exposoma, é claro que vamos levar em conta a poluição – um problema para o qual a empresa já lançou diversos produtos nos últimos três anos. Porém, nosso principal objetivo é propor soluções mais amplas ao desafio que enfrentamos por estarmos expostos a diferentes tipos de fatores adversos.

Brazil Beauty News - Quais são as soluções desenvolvidas pela ID bio?

Aïna Queiroz - O fio condutor que seguimos no serviço de Pesquisa e Inovação foi o seguinte: identificar "escudos" de origem vegetal capazes de prevenir e combater de forma complementar os diversos efeitos associados à exposição a esses fatores adversos. Para reforçar a proteção natural da pele ante a diversidade de elementos constitutivos do exposoma (raios UV, cigarro, poluição, estresse, variações de temperatura, etc.), já elaboramos e desenvolvemos três soluções que atuam em sinergia:

1. Um escudo mecânico, que reduz fisicamente a entrada de partículas nocivas na epiderme. Esse ativo, obtido a partir de raiz de malva-branca, contém determinados açúcares complexos que formam uma película protetora na superfície, semelhante a um "glicocasulo".
2. Um escudo biológico, que previne e repara os efeitos nefastos de um hidrocarboneto aromático policíclico, característico da fumaça de cigarro e de alguns gases de escape. O desenvolvimento desse ingrediente foi biologicamente inspirado no trigo sarraceno, planta estudada em fitorremediação (despoluição de um meio graças a uma espécie vegetal), em razão de sua capacidade de captar determinados metais pesados do solo e conseguir sobreviver.
3. Um escudo calmante, que proporciona alívio a peles particularmente frágeis e regularmente expostas, por exemplo, ao estresse ou a grandes variações de temperatura. Esse ingrediente foi desenvolvido tendo em vista a valorização de um coproduto sustentável originário da região francesa de Limousin: a flor de açafrão depois de retirado o pistilo.

Brazil Beauty News - Mas como funcionam esses ingredientes?

Aïna Queiroz - Diversos mecanismos já foram identificados, mas ainda temos muitas descobertas a fazer nesse novo campo de pesquisa. Para garantir a complementaridade de cada solução de origem vegetal que oferecemos, decidimos explorar diversos caminhos. Em relação ao escudo mecânico, desenvolvemos um princípio ativo que tem propriedades antiadesivas quando a pele é exposta a partículas (fase inicial), além de um efeito estimulante que ajuda a eliminar essas partículas (fase final). O resultado é uma rotina de beleza eficaz e completa, que protege a pele ao longo do dia, desde a manhã até a noite.

Quanto ao desenvolvimento do escudo biológico, procuramos reduzir a resposta pró-inflamatória (IL-8) e preservar a homeostasia cutânea (junções oclusivas, CLDN1 e CLDN4) em face da exposição a raios UV e ao benzo(a)pireno.

Para completar, o objetivo do escudo calmante é minimizar o impacto do estresse ou a sensação de aquecimento cutâneo. Por isso, demonstramos, para um mesmo ingrediente ativo, os efeitos sobre a função barreira cutânea (profilagrina), a inflamação (NF-kB/TNF-α) e o desconforto neurosensorial (receptor TRPV1).

Por fim, a cada vez que programamos o lançamento de uma inovação, além de refletirmos sobre o atributo final anunciado (hidratação, produto redutor, anti-idade, etc.), sempre temos em mente a seguinte questão: esse ingrediente pode também oferecer proteção contra um efeito do exposoma?