Nicolas Geiger, L'Occitane

Nicolas Geiger, L’Occitane

Brazil Beauty News – É impressionante como a L’Occitane e o Brasil já têm uma longa história para contar...

Nicolas Geiger – Fomos um dos primeiros a apostar no país quando criamos, em 1995, uma joint venture com um parceiro local. Em 2005, a economia começou a se desenvolver consideravelmente e as vendas e os investimentos da empresa ganharam nova velocidade. Em 2009, adquirimos o controle total da subsidiária. Na época, tínhamos 45 lojas L’Occitane en Provence no país.

Brazil Beauty News – Hoje, qual é a configuração da empresa no Brasil?

Nicolas Geiger – Temos mais ou menos 100 pontos de venda L’Occitane en Provence, considerando lojas próprias e franquias. A isso somamos 30 pontos de venda da marca L’Occitane no Brasil, que abriu sua primeira loja há um ano. Presente principalmente em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, a L’Occitane no Brasil deverá em breve se implantar em outras regiões do país. Os responsáveis pelos shoppings brasileiros estão começando a descobrir a marca e suas qualidades. Vale ressaltar que temos argumentos convincentes: em 2013, nossa melhor loja registrou um aumento de 25% nas vendas.

Brazil Beauty News – Como o Senhor descreveria o mercado brasileiro?

Nicolas Geiger – Fascinante e dinâmico – mas também difícil, por ser um mercado fechado em que a concorrência é feroz. Por um lado, o sistema fiscal brasileiro gera um custo adicional elevado para os produtos importados. Por outro lado, o mercado é extremamente concentrado, com predominância de grandes grupos como Natura, Avon e O Boticário. Para termos uma ideia, só a marca O Boticário dispõe de aproximadamente 3.600 pontos de venda. É preciso ter uma oferta realmente sólida para conquistar um lugar ao sol ao lado das grandes marcas nacionais. Desse ponto de vista, nossos 19 anos de experiência representam um enorme diferencial. Aprendemos muito, inclusive com os erros que cometemos no passado.

Para dar impulso ao desenvolvimento da empresa, percebemos que era indispensável produzir localmente. Por isso, lançamos a marca L’Occitane no Brasil. Não vou dizer que foi fácil, principalmente encontrar um parceiro industrial que atendesse a nossas exigências em matéria de qualidade e aceitasse produzir as quantidades atualmente definidas, por um preço competitivo.

Apesar de tudo, no âmbito do Grupo somos o mercado que mais se expandiu em 2013, com 20% de crescimento. O Brasil ocupa atualmente o sexto ou sétimo lugar no ranking de mercados do Grupo L’Occitane. Nossa meta é alcançar o primeiro lugar. A próxima etapa será a criação de um laboratório de pesquisa e desenvolvimento no Brasil.

Brazil Beauty News – Quais são os pontos fortes da L’Occitane no mercado brasileiro?

Nicolas Geiger – No Brasil, a L’Occitane é tradicionalmente vista como uma marca de higiene pessoal e perfumes. Entre nossos produtos, La Collection de Grasse, que reúne várias eau de toilette de alto padrão, vem fazendo muito sucesso. Outro exemplo é a fragrância Flor de Cerejeira, da linha "clássica", com apenas um ingrediente em destaque. Os produtos de cuidados faciais da linha Divine também estão conquistando o Brasil e já se posicionaram entre as cinco melhores vendas da L’Occitane.

Nosso ponto forte é principalmente a história que nossos produtos contam. Investimos muito em treinamento, a fim de transmitir e compartilhar o amor pela tradição e pelos ingredientes que usamos. As informações sobre o rastreamento desses ingredientes também são muito valorizadas pelo consumidor brasileiro.

Brazil Beauty News – A criação da L’Occitane no Brasil não prejudicou as vendas da L’Occitane en Provence?

Nicolas Geiger – É verdade que há uma leve canibalização, mas as duas marcas têm públicos diferentes. L’Occitane en Provence se destina a mulheres com mais de 35 anos, enquanto L’Occitane no Brasil tem como alvo jovens com idade a partir de 25 anos.